Economia & Mercados
23/02/2018 15:39

Lucro de grandes bancos volta a crescer em 2017, mas não supera gasto com calotes


São Paulo, 22/02/2018 - Os grandes bancos de capital aberto no Brasil voltaram a elevar seus lucros em 2017 após um ano de queda, quando a crise afetou em cheio essas instituições, mas não o suficiente para superar os gastos com calotes. A virada pode acontecer ao longo desse exercício, quando o crédito deve voltar a crescer e, em conjunto, com a queda contínua das despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, empurrar os resultados para cima.

Apesar de no quarto trimestre o lucro dos grandes bancos não ter superado os gastos com a inadimplência, os ganhos se aceleraram em meio à retomada do crescimento do crédito nessas instituições. Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil entregaram lucro líquido 22,6% maior ante um ano, ultrapassando a marca dos R$ 17 bilhões. No trimestre anterior, a expansão havia ficado em 14,6%.

No acumulado de 2017, porém, a taxa vista foi ainda maior. O lucro líquido somado de BB, Bradesco, Itaú e Santander ficou próximo dos R$ 65 bilhões. A cifra foi 20,70% superior à registrada no ano anterior, de R$ 53,781 bilhões.

Boa parte do impulso dos resultados dos grandes bancos no passado veio da queda das despesas com PDDs. Em 2017, esses gastos encolheram em cerca de R$ 20 bilhões, passando de mais de R$ 95,149 bilhões para quase R$ 75 bilhões.

Apesar da queda expressiva no ano passado, os grandes bancos esperam continuar reduzindo os gastos com calotes ao longo de 2018 ainda que em menor escala. No ponto médio do guidance, essas despesas terão uma retração de 12,9% no BB neste ano. A instituição espera que os gastos com provisões líquidos de recuperação de operações em perdas do banco fiquem no máximo em R$ 19 bilhões e, no melhor cenário, em R$ 16 bilhões. Já no Bradesco, considerando também o ponto médio do guidance, a queda seria de 14,3% e no Itaú, de 28,6%.

Apesar de sinalizar uma queda menos intensa que seus pares privados, o BB não considera sua projeção 'conservadora', de acordo com o presidente do banco, Paulo Caffarelli, uma vez que, no ano passado, esses gastos já tiveram redução expressiva. Ele garantiu, em conversa com a imprensa, nesta manhã, que a inadimplência da instituição vai continuar em queda neste ano, principalmente, após o terceiro trimestre, quando o BB espera ter solucionado casos específicos que têm pesado no indicador. No quarto trimestre, o BB viu sua inadimplência cair pelo segundo período consecutivo, chegando a 3,74%, quando considerados atrasos acima de 90 dias.

Do lado do crédito, o BB espera que sua carteira volte a crescer em 2018, puxada por pessoa física e o segmento de agronegócio, mas também está mais conservador que seus pares. Enquanto a instituição espera que seus empréstimos - no conceito ampliado - cresçam de 1% a 4,0%, Bradesco e Itaú projetam expansão entre 3% e 7%.

De acordo com o presidente do BB, o banco vai alocar seu capital em segmentos de maiores spreads bem como a pessoa física, basicamente crédito consignado (com desconto em folha de pagamento), e pequenas e médias empresas no lugar de emprestar mais para o segmento corporativo, que ainda deve reportar queda nos empréstimos em 2018. Questionado se esse era um recado para a Odebrecht S.A., que busca R$ 3,5 bilhões em recursos novos com os bancos, ele negou. "Não demos recado para ninguém", disse ele, mais cedo, explicando que não pode comentar casos de clientes por sigilo comercial.

A estratégia do BB, entretanto, tem apresentado resultados. No quarto trimestre, o banco registrou o maior lucro líquido ajustado na história da instituição, considerando sua própria originação de negócios. Superando as projeções do mercado, o resultado ficou em R$ 3,188 bilhões no quarto trimestre de 2017, cifra 82,5% superior à registrada no mesmo período do ano anterior.

Com o desempenho, o banco ultrapassou o Santander Brasil em termos de lucros anuais, eliminando o temor de que a instituição entregaria resultado abaixo do par espanhol, que tem cerca de metade de seus ativos. O lucro no ano do BB chegou a R$ 11 bilhões contra quase R$ 10 bilhões do Santander.

No quesito retorno, o BB também foi bem sucedido. Apesar de, conforme Caffarelli, o banco ainda não estar satisfeito com sua rentabilidade, o indicador melhorou sobremaneira. A rentabilidade do BB atingiu 12,3% contra 8,8% no ano anterior. Aqui, porém, o espanhol superou o BB ao entregar rentabilidade de 16,9% no ano contra 13,3% em 2016.

“Estamos contentes, mas não satisfeitos (com o patamar atual do retorno do banco). Seguimos focados em reduzir drasticamente a distância de resultado em relação aos nossos competidores”, concluiu o executivo, em coletiva de imprensa, nesta manhã.

Além do impulso do crédito, neste ano, os grandes bancos devem continuar engordando seus lucros com maiores receitas de serviços e também rigor no controle de custos. (Aline Bronzati - aline.bronzati@estadao.com)
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