Economia & Mercados
29/11/2023 11:13

Exclusivo/GIFE: Investimento Social Privado cresce 33% no País e tem 'relevante aproximação' com ESG


Por Célia Froufe

Brasília, 29/11/2023 - O Investimento Social Privado (ISP) cresceu 33,33% no Brasil de 2019 até o ano passado, apesar do "cenário econômico desafiador", como mostra o mais novo censo do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) antecipado ao Broadcast. No período, o ISP, termo técnico para definir filantropia, passou de R$ 3,6 bilhões, em 2019, para R$ 4,8 bilhões, ano passado - valores corrigidos pela inflação e que, em 2022, superaram as estimativas de R$ 4,02 bilhões. O Gife conta com 170 associados, entre instituições de origem empresarial, familiar ou independente.

O censo, que é realizado a cada dois anos, revelou que o volume de investimentos mobilizados em 2022 é o maior desde 2015, ficando abaixo apenas do ano pico da pandemia de coronavírus (2020), quando a sociedade civil organizada se articulou em socorro aos mais necessitados. Em 2020, o ISP somou R$ 6,1 bilhões, dos quais R$ 3,5 bilhões tiveram foco em ações diretas de combate às consequências da covid-19. Nos últimos 10 anos, a mediana de recursos ofertados por uma só instituição foi de R$ 9 milhões.

"Trata-se de um crescimento muito significativo e é um retrato importante de como famílias, empresas e fundações têm se mobilizado novamente para projetos de interesse público", disse ao Broadcast o secretário-geral do Gife, Cassio França.

Educação segue como a área que mais recebe recursos historicamente - uma preferência que é vista também em outras partes do mundo. A tendência, no entanto, é de queda relativa, de acordo com o Gife, já que o segmento foi o destino de 84% dos recursos filantrópicos em 2016, passou para 80% em 2018, chegou a 76% em 2020 e a 71% no ano passado. Conforme o censo, ainda assim, inquiridas a apontar a área prioritária em que atuam, 33% das instituições apontaram a educação - 21% com enfoque formal e 12% não formal. "O que acontece no Brasil é o que acontece também na maioria dos países, em especial na América Latina: a educação continua sendo a 'menina dos olhos' de ISP", disse França.

Pelo levantamento feito com informações até 2022, depois de educação, os segmentos que mais são beneficiados por ISP são: inclusão, empreendedorismo e geração de renda (54%); desenvolvimento local, territorial e comunitário (50%); assistência social e combate à fome (41%); e defesa dos direitos, cultura da paz e democracia (38%). Na sequência, estão movimentos sociais e cultura e artes (ambas com 36%); apoio emergencial (28%); saúde e ambiente natural e sustentabilidade (26% cada); agricultura, alimentação e nutrição e ambiente urbano e sustentabilidade (23% cada); fortalecimento da gestão pública (21%); esporte e lazer (20%); mídia e comunicação (18%); ciência e tecnologia (15%); e outros (6%).

Meio ambiente

O censo 2022 detectou uma "relevante aproximação" de ISP com a pauta ESG - sigla em inglês que se refere à medição de padrões ambientais, sociais e de governança de empresas. Conforme o estudo, 80% das empresas e 76% dos institutos empresariais manifestaram que a agenda climática potencializa recursos de ISP.

O levantamento revelou ainda que a participação dos incentivos fiscais como origem dos recursos ficou em 10%, abaixo da média histórica de 15% - com exceção de 2020 por causa da pandemia. Foram R$ 570 milhões em 2018 (14% do total), R$ 567 milhões em 2020 (9% do total) e R$ 486 milhões no ano passado (10% do total). "O Brasil não é um país que tenha incentivo para fundações e instituições", comentou França.

Entre os associados do Gife estão empresas, instituições e fundações, como Instituto Unibanco, Fundação Itaú e Drogasil, por exemplo, além de entidades independentes. Essas empresas, de acordo com o secretário-geral, mais executam do que financiam projetos, mas grande parte das ações é híbrida. Mais uma vez, por causa da pandemia, em 2020, houve a menor diferença da série histórica nesse quesito.

Contato: celia.froufe@estadao.com
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