Por Aline Bronzati, correspondente
Nova York, 01/08/2022 - A Apple anunciou hoje uma emissão de dívida para captar cerca de US$ 5,5 bilhões em bônus. Os recursos vão ser usados para a recompra de ações e pagamento de dividendos a acionistas, o que chamou atenção de Wall Street, pois a oferta vem logo na sequência de a empresa anunciar um lucro de US$ 19,4 bilhões em seu terceiro trimestre fiscal. E a captação pode crescer ainda mais, considerando o histórico da gigante norte-americana, que atrai bilhões de dólares em demanda de investidores quando vai a mercado, com pedidos de reserva pelos papéis chegando a superar a casa dos US$ 30 bilhões.
A emissão será feita em quatro tranches, com vencimentos de 7 anos, 10 anos, 30 anos e 40 anos, conforme prospecto da operação enviado à Security Exchange Comission (SEC, que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos). A Moody's concedeu rating AAA para a emissão de bônus da Apple, o nível mais alto concedido a emissores pela agência. Neste patamar, somente as gigantes Microsoft e Johnson & Johnson do S&P 500, que reúne as maiores empresas de capital aberto dos Estados Unidos. Já a S&P concedeu rating AA+.
O anúncio da Apple movimentou Wall Street nesta segunda-feira, porque a empresa tem um caixa de US$ 179 bilhões e ainda assim anunciou uma emissão de dívida para recomprar ações e pagar dividendos a acionistas. Para alguns operadores, o movimento é questionável, uma vez que a empresa está emitindo uma nova dívida para, dentre outros motivos, distribuir lucro a seus acionistas. Os papéis da gigante tiveram queda de 0,62% no pregão de hoje, a US$ 161,51.
Além de recomprar ações e pagar dividendos, a gigante de smartphones afirma ainda, no documento, que utilizará os recursos para capital de giro, investimentos, aquisições e pagamentos de dívidas. "Podemos investir temporariamente fundos que não sejam imediatamente necessários para esses fins em investimentos de curto prazo, incluindo caixa, equivalentes de caixa e/ou títulos negociáveis", diz, no prospecto enviado à SEC.
Ao fim de junho, a Apple somava US$ 108,7 bilhões em notas sênior sem garantia e US$ 11,0 bilhões em notas promissórias de curto prazo sem garantia em circulação no mercado, conforme informa no prospecto.
A última vez que a Apple acessou o mercado de dívida foi em julho do ano passado, quando captou US$ 6,5 bilhões. Na ocasião, também levantou recursos para pagar dividendos. Antes, em fevereiro de 2021, a gigante de tecnologia chegou a atrair demanda de US$ 33 bilhões e acabou captando US$ 14 bilhões, uma das maiores emissões em anos nos EUA.
A Apple contratou como assessores financeiros da emissão de bônus anunciada hoje o Goldman Sachs, o Bank of America e o JP Morgan.
Contato: aline.bronzati@estadao.com