Economia & Mercados
16/09/2021 17:31

Hospitais privados tentam achar solução junto ao governo para 'apagão' do Ipen


Por Denise Luna

Rio, 16/09/2021 - A solução da falta de remédios para o tratamento de câncer fornecido pelo Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares (Ipen) tem que ser excepcional, porque o País está em uma situação excepcional, defendeu o diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Antônio Brito, ao Broadcast/Estadão. Ele informou que nesta quinta-feira entrou em contato com os ministérios da Saúde e da Economia para tentar encontrar uma solução urgente para o problema, que deve interromper o tratamento de milhares de pessoas.

Ontem, uma reportagem do Broadcast denunciou o risco de um apagão de radiofármacos fornecidas pelo Ipen, após uma carta do órgão, que é ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (Mctic) avisar na última terça-feira, 14, aos hospitais e clínicas, que a partir do dia 20 de setembro poderá interromper o abastecimento por falta de recursos para importar os insumos necessários para sua fabricação. A carta foi interpretada como um pedido de socorro do Ipen, para que o setor médico pressione o governo e libere as verbas necessárias para continuar a produção dos remédios.

"Grande parte desses produtos para tratamento do câncer tem uma durabilidade de um ou dois dias, então a entrega aos hospitais é quase que diária, especialmente o iodo, que é altamente utilizado no tratamento para câncer. Você não estoca iodo, vai ter que interromper o tratamento", explicou. Alguns hospitais, informou, possuem o chamado quarto de iodo para pacientes em determinadas condições, onde todo o ambiente é preparado com tratamento com a substância, e terão que deixar de funcionar.

Brito, que foi assessor do ex-presidente Tancredo Neves e na área política, exerceu mandatos como deputado federal constituinte e foi presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados, entre outros, criticou o Ipen por ter avisado sobre o problema com pouca antecedência, e ressaltou que a falta de remédios vai agravar muito a situação dos pacientes de câncer, que já tiveram tratamento interrompido pela pandemia do covid-19.

"A maioria dos tratamentos foi interrompida durante a pandemia e é fácil supor que grande parte das pessoas que está indo para tratamento oncológico já com grande atraso, por causa do 1 ano e 8 meses de pandemia. É como se um raio caísse duas vezes na cabeça deles", observou.

A sugestão que Brito deu aos ministérios é de que seja editada urgentemente uma Medida Provisória para liberar recursos para o Ipen, ou que seja feita uma transferência de recursos intragoverno, "que acho, ninguém se oporia". De acordo com ele, o problema não estava no radar de nenhum dos dois ministérios, mas reuniões estavam sendo realizadas nesta quinta-feira, após a denúncia do Broadcast/Estadão.

"Hoje à tarde há reuniões para tentar achar uma solução, e o estamos sugerindo é que o Ministério da Saúde entre nesse assunto e que sugira ao Palácio (do Planalto) a edição de uma medida provisória, ou outra qualquer que respeite a excepcionalidade dessa escassez", concluiu.

Procurados, nem o Mctic nem o Ministério da Saúde responderam às solicitações da reportagem.

contato:denise.luna@estadao.com
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