Economia & Mercados
11/12/2020 11:11

IBGE/Lobo: muito provavelmente serviços encerrarão ano com queda mais forte da série histórica


Por Daniela Amorim

Rio, 11/12/2020 - O setor de serviços deve amargar em 2020 o pior desempenho anual da série histórica da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), iniciada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro a outubro, os serviços acumulam uma retração de 8,7%. A taxa acumulada em 12 meses desceu a 6,8% em outubro, pior resultado da série.

"Os serviços provavelmente vão superar a queda de 2016 (-5,0%). O cenário de pandemia afeta mais os serviços do que qualquer outra atividade econômica. Muito provavelmente o setor de serviços, com esse acumulado de janeiro a outubro, encerrará o ano com a queda mais intensa da série histórica", previu Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.

Passada a fase mais aguda da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, a recuperação tem se dado de forma distinta entre as principais atividades econômicas, lembra Lobo.

"São três cenários distintos nos três setores: o comércio com recuperação mais rápida, a indústria mantendo alguma estabilidade, e os serviços aprofundando a queda", ressaltou o pesquisador.

Na série com ajuste sazonal, o volume de serviços prestados cresce há cinco meses seguidos, mas com taxas cada vez menores, lembra Lobo. Para ele, apesar da flexibilização das medidas de isolamento social, a recuperação na circulação de pessoas é "um movimento ainda muito lento".

"Além das cinco taxas positivas, há magnitude de crescimento cada vez menor. O saldo positivo é insuficiente ainda para colocar setor de serviços como todo num patamar pré-pandemia. Falta algo a percorrer para recuperar o patamar pré-pandemia", apontou.

O setor de serviços ainda precisa crescer 6,5% para recuperar o patamar de fevereiro, no pré-pandemia. Embora tenha peso menor na pesquisa, o segmento de serviços prestados às famílias é o que enfrenta mais dificuldade de retornar ao pré-pandemia - ainda precisa crescer 47,6%. O segmento de transportes precisa avançar ainda 8,8%, e o de serviços profissionais, administrativos e complementares necessita avançar 12,8%.

Segundo Lobo, o universo investigado pela PMS corresponde a cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) como um todo. Portanto, a dificuldade de normalização no nível de serviços prestados no País afeta diretamente o resultado das Contas Nacionais Trimestrais.

"O que a gente observa como dificuldade é esse caráter presencial para a prestação de serviços, como alojamento e alimentação, nos serviços prestados as famílias. Alguns ainda operam com limitações, não estão em plena capacidade. Algumas empresas de serviços fecharam, então há algum tipo de limitação de oferta também. E tem o transporte de passageiros também, seja rodoviário, aéreo", enumerou Lobo. "Esse caráter presencial da prestação de alguns serviços funciona sim como limitador de uma recuperação mais rápida do setor de serviços e, de alguma forma, se reflete nas contas trimestrais", confirmou.

Contato: daniela.amorim@estadao.com
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