Economia & Mercados
05/04/2018 07:24

Bradesco vê maior expansão do crédito após 1tri18 e retoma estratégia de bancarização


São Paulo, 04/04/2018 - O fechamento do primeiro trimestre trouxe uma dose adicional de otimismo ao Bradesco quanto ao crescimento do crédito neste ano. O banco, que vinha trabalhando com o centro do intervalo de alta de 3% a 7% em 2018, passou a mirar, agora, o ponto alto da estimativa, de acordo com o presidente da instituição, Octavio de Lazari Junior. Ao falar para uma plateia de empresários, investidores e clientes, o executivo retomou o discurso de bancarização, que foi deixado de lado pelo Bradesco durante a crise, e foi enfático em relação à concorrência: num cenário de queda dos juros, quer e vai ampliar seu market share.

"Absolutamente, vamos ganhar fatia de mercado. Há ainda cerca de 40 milhões de pessoas no Brasil que não são bancarizadas. É muito mais fácil essas pessoas estarem no Norte e Nordeste do Brasil do que em São Paulo e no Rio de Janeiro. Temos uma presença muito marcante nessas regiões e vamos trazer para dentro do banco quem ainda não é bancarizado", reforçou Lazari, em conversa com jornalistas, durante evento do Bradesco BBI, em São Paulo, o primeiro desde que assumiu o comando do segundo maior banco privado do País há pouco menos de um mês.


Foto: Claudemir Santi/Divulgação

Na outra ponta, diante da concorrência com outros bancos e também novas entrantes - as chamadas fintechs -, a instituição, conforme o executivo, está disposta a disputar cliente a cliente. Do lado do crédito, o novo presidente do Bradesco vê oportunidades de expansão forte no financiamento imobiliário, que traz a reboque uma série de outros produtos como cartão de crédito e seguro, uma vez que fideliza o cliente por um longo prazo. Em março, o banco, inclusive, ultrapassou o recorde de produção mensal de R$ 1 bilhão, mesma meta do seu concorrente, o Santander Brasil.

O Bradesco também vê oportunidades, de acordo com Lazari, para crescer em crédito consignado (com desconto em folha de pagamentos) e pessoal, que já estão intrínsecos no dia a dia do banco. "Não dá mais para sustentar crescimento com um único produto. É preciso uma amplitude muito maior. O nosso grande desafio hoje é conseguir trazer todos os negócios do cliente para o banco: o cartão de crédito, a conta corrente, o financiamento de veículo, o seguro da casa e do carro. Só assim é possível rentabilizar e precificar melhor a relação com os clientes", avaliou o executivo.

Do lado das empresas, os motores de expansão do crédito neste ano são as linhas de curto prazo uma vez que esse público, diferente da pessoa física, de acordo com Lazari, ainda não entrou numa "zona de investimentos". O foco das empresas, neste momento, conforme o executivo, é ainda desovar os estoques e reduzir a capacidade ociosa gerada por conta da crise financeira e política no Brasil. Apesar disso, ele garantiu que a demanda por crédito por parte da pessoa jurídica já teve uma melhora "significativa", mas está voltada para reposição de estoques e capital de giro. "Não sentimos ainda demanda por investimentos", advertiu o presidente do Bradesco.

Ainda assim, a expectativa do banco para crédito corporativo em 2018 é boa, segundo Lazari, em meio à menor atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) junto às empresas. De acordo com ele, há um potencial que pode ser absorvido pelos bancos comerciais de R$ 190 bilhões a R$ 200 bilhões. Como tem 1,9 milhão de clientes pessoa jurídica, o Bradesco tende a abocanhar uma fatia relevante deste bolo.

Internacional
Além da volta do discurso de bancarização, também chamou atenção nas palavras do novo presidente do Bradesco o destaque para a operação internacional do banco. Nos últimos anos e, principalmente, após a aquisição do HSBC, a instituição reforçou o seu foco no Brasil. De acordo com Lazari, a perspectiva é ampliar o braço internacional do Bradesco em meio ao aumento de volume de brasileiros migrando para o exterior. Comprar um banco lá fora, porém, está fora dos planos da instituição.

"Está no nosso radar e estamos olhando com muita atenção o que podemos fazer, entendendo a necessidade dos nossos clientes. Não é a intenção comprar um banco lá fora porque sabemos das dificuldades de competição e o retorno que os bancos são capazes de gerar lá fora", destacou o executivo.

Digital
Do lado digital, o banco espera que a sua plataforma, o Next, comece a se pagar já em 2018. O retorno do investimento, que o Bradesco não abre números, mas garante que a cifra aportada foi relevante, só deve começar a aparecer em três anos. "Talvez um pouco mais. Em tese, o investimento no Next deve começar a aparecer em três anos porque esse ano só vai gerar resultado para pagar a sua operação", disse Lazari.

Sobre o lançamento de uma conta gratuita no Next, igualando-se aos outros bancos digitais que não cobram tarifa, o presidente do Bradesco afirmou que a estratégia vai na direção de aumentar escala, principalmente, em um cenário de juros baixos, em que o banco precisa ampliar seu volume de negócios para compensar menores ganhos financeiros. "É melhor eu ter o cliente não pagando tarifa do que tê-lo no concorrente", explicou o executivo.

Desde que lançou a versão gratuita da conta corrente no Next, batizada de "Na Faixa", há pouco mais de um mês, o Bradesco conseguiu dobrar a conversão de clientes em seu banco digital. Com o plano que oferece, sem custo, o serviço de conta corrente, cartão de crédito internacional e outros benefícios, a adesão diária chegou a 2.500.

Mais de 1,150 milhão de downloads do aplicativo do Next já foram feitos desde que o banco foi lançado, no final do passado. Desses, mais de 80 mil são clientes ativos, sendo quase 24 mil deles captados em março, após o lançamento da conta gratuita. Além desses, outros 683 mil clientes iniciaram o processo de adesão e estão sendo trabalhados para serem convertidos em novas contas.

Spreads
Sobre a redução dos spreads no Brasil, o presidente do banco garantiu que as taxas vão cair ao consumidor embora essa queda não ocorra pari passu com a Selic. Elogiou as medidas do Banco Central na direção de reduzir os custos como redução dos depósitos compulsórios e o cadastro positivo e ainda de reduzir o fluxo de papel moeda com a limitação das taxas cobradas em transações com cartões de débito. Como essas mudanças tendem a refletir nos ganhos do banco, a saída é, conforme o novo presidente do Bradesco, ampliar o volume de negócios e ganhar market share da concorrência. (Aline Bronzati - aline.bronzati@estadao.com)
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