Economia & Mercados
24/05/2023 08:30

Especial: Even e Melnick fazem troca orquestrada nos comandos


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Por Circe Bonatelli

São Paulo, 23/05/2023 - A incorporadora paulista Even e a gaúcha Melnick, parceiras de negócios imobiliários e com acionistas em comum, fizeram uma troca nos seus comandos de forma orquestrada.

Na Even, o presidente executivo, Leandro Melnick, deixará o cargo e ficará na presidência do conselho de administração. Ele será substituído na presidência executiva por Marcio Botana Moraes, que é conselheiro da companhia e sócio do Grupo RFM, com quem a Even formou uma sociedade (joint venture) ano passado.

E na incorporadora Melnick, Leandro deixará a presidência do conselho para assumir a presidência executiva no lugar do irmão, Juliano, que irá para a diretoria Financeira. A presidência do conselho ficará com o pai da dupla e conselheiro, Milton Melnick.

A Even é a maior acionista da Melnick, com 45,41%, seguida pela Melnick Participações, veículo de investimentos da família fundadora, com 20,44%. As duas incorporadoras têm uma parceria antiga para o desenvolvimento de empreendimentos imobiliários em Porto Alegre.

Por sua vez, a Even é controlada pela Nova Milano Investimentos, que detém 48,0% das ações. A gestora de recursos investe ali por meio de fundo no qual a família Melnick aparece entre os cotistas. Ou seja, está tudo em casa.


Marcio Botana (à esquerda), assume presidência executiva da Even no lugar de Leandro Melnick, que fica na liderança do conselho. Crédito da foto: Deco Vicente

Em entrevista ao Broadcast, Leandro Melnick explicou que as mudanças estão relacionadas aos momentos pelos quais estão passando cada uma das empresas. Na companhia paulista, há conclusão de um ciclo, enquanto na Melnick, há necessidade de avançar em um ciclo já aberto.

Na Even, o empresário assumiu as rédeas em 2015 após uma tomada de controle da companhia fundada por Carlos Terepins e início de um processo de reestruturação, visando à redução do endividamento, ao enxugamento das despesas e à concentração de projetos imobiliários em bairros nobres da cidade de São Paulo.

Esses objetivos foram alcançados, na sua avaliação. Ao longo desses anos, a alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) caiu de 57% para o patamar negativo de 7% - isso acontece quando o dinheiro em caixa supera o total das dívidas. Já as despesas gerais e administrativas antes representavam 13% do volume de lançamentos, hoje caíram para metade disso - o que foi determinante para melhora da margem de lucro.

Em paralelo, a Even passou a formar um banco de terrenos de grande porte, em zonas ricas de São Paulo e com uma demanda constante por edifícios residenciais e comerciais de médio-alto, alto padrão e luxo. "Essa reestruturação foi concluída. Agora é hora de tirar o melhor proveito do landbank (banco de terrenos) e explorar as parcerias", disse, em entrevista.

No caso das parcerias, a ideia é se unir a incorporadoras de médio porte bem posicionadas no mercado paulistano para desenvolverem empreendimentos conjuntamente. Neste caso, as parcerias serão restritas a cada projeto, e não envolverão a formação de uma sociedade em comum.

As parcerias podem abranger projetos residenciais, comerciais ou multiúso, de acordo com a atratividade. "A nossa visão aqui é oportunística", contou Marcio Botana, novo presidente executivo da Even, em entrevista. "Nas parcerias, vamos olhar caso a caso. Podemos entrar com a gestão imobiliária, a força da construtora ou da equipe de vendas. Queremos encontrar bons projetos que possam nos trazer bons resultados", explicou.

É, portanto, um modelo diferente do acertado entre a RFM e a Even ano passado, quando formaram uma sociedade. A Even só trabalha com terrenos acima de 5 mil metros quadrados, enquanto a RFM tem o expertise de lançar empreendimentos em áreas menores. O primeiro lançamento conjunto está previsto para o segundo semestre. Botana deixará a presidência da RFM para se dedicar integralmente à Even. No seu lugar ficará o sócio, José Romeu Ferraz, que também preside a Federação Internacional do Setor Imobiliário (Fiabci - Brasil).

A disposição em firmar parcerias não significa que a Even deixará de desenvolver os terrenos que já foram adquiridos, nem que deixará de comprar novas áreas, ressaltaram os dois empresários. Segundo Leandro Melnick, o momento é, inclusive, positivo para encontrar terrenos a preços atrativos junto a outras incorporadoras que acabaram desistindo de realizar lançamentos devido ao cenário de juros altos e a outras dificuldades macroeconômicas.

Já no que diz respeito à Melnick, a ida de Leandro para a presidência executiva tem a ver com o fato de que a incorporadora está procurando acelerar as operações. Desde a oferta inicial de ações em Bolsa (IPO, na sigla em inglês) em 2020, a companhia angariou recursos, mas não utilizou todo o dinheiro previsto porque adotou uma postura mais conservadora em meio à pandemia, explicou.

"Ainda tem um caixa que dá grandes oportunidades de desenvolver bons negócios", disse Leandro. "A empresa já vem em processo de expansão dos lançamentos, mas, sim, queremos crescer mais", emendou, explicando que isso se dará principalmente por meio de aumento de participação nos projetos, que são feitos em parcerias.

Contato: circe.bonatelli@estadao.com
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