Rio, 18/09/2018 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está negociando alternativas com o governo de Cuba para que a ilha caribenha retome os pagamentos das parcelas de sua dívida, que hoje somam cerca de US$ 17,5 milhões em atrasos, afirmou há pouco o presidente da instituição de fomento, Dyogo de Oliveira.
Ele lembrou das críticas aos empréstimos do BNDES para obras em países como Cuba e Venezuela. "Olhando hoje, fica claro que eles (países como Cuba e Venezuela) não tinham condições de pagar. Provavelmente, (os empréstimos) não deveriam ter sido feitos, mas agora temos que ir atrás do dinheiro. Temos que buscar receber", disse o presidente do BNDES.
Cuba está em atraso com o pagamento de US$ 17,4 milhões em parcelas vencidas em junho, julho e agosto de sua dívida com o BNDES, informou o banco. Em agosto e neste mês, a ilha caribenha pagou US$ 4 milhões da parcela de junho, em duas operações. Cuba já havia atrasado a parcela de maio, de US$ 6,6 milhões, em duas operações, com atraso de 50 e 60 dias em cada, como revelou o Broadcast na última terça-feira. A dívida de Cuba com o BNDES, que financiou a modernização do Porto de Mariel, obra tocada pela Odebrecht, está em US$ 597 milhões.
As negociações com Cuba, segundo Oliveira, envolvem opções que não passam, necessariamente, por uma reestruturação completa da dívida. "O governo de Cuba tem se mostrado solícito, aberto a buscar soluções. Alega, no entanto, que em virtude de questões climáticas e financeiras não tem condições de honrar totalmente os pagamentos", afirmou Oliveira, ao deixar a cerimônia de abertura de um evento sobre inovação, no Rio.
Apesar das críticas, Oliveira frisou que 90% da carteira de crédito para comércio exterior não está direcionada para esses países. Por causa dos atrasos, o banco de fomento será obrigado a provisionar em seu balanço financeiro valores para fazer frente a eventual calote.
Segundo Oliveira, o provisionamento não preocupa. "Hoje, são cerca de US$ 17,5 milhões em atraso. O volume disso em relação à carteira do banco não é exatamente preocupante, diante de uma carteira de exportações de US$ 10 bilhões", afirmou Oliveira. (Vinicius Neder - vinicius.neder@estadao.com)