Por Luísa Laval
São Paulo, 14/04/2021 - Investimentos em saneamento têm potencial de destravar geração rápida de empregos, avaliou Fábio Abrahão, diretor de Infraestrutura, Concessões e PPPs do BNDES. "O saneamento hoje, muito provavelmente, é o setor com maior capacidade de geração de empregos líquido no Brasil. É uma quantidade enorme de obras, um déficit de séculos", disse durante painel da Brazil Conference, em parceria com o Estadão.
Segundo o diretor, o BNDES trabalha em parceria com Estados e municípios para identificar o que é preciso ser feito no campo de saneamento, como captar recursos, para depois realizar leilões.
"Nossos projetos impactam cerca de 55 milhões de pessoas, um impacto gigantesco, e buscamos soluções para cada local. Por exemplo, incluímos em todas as metas do Rio de Janeiro as áreas urbanizadas e não urbanizadas. Estamos atuando bastante na tarifa social. Hoje, o Estado conta com algo em torno de 0,5% da população com acesso, e vamos chegar a quase 10 vezes isso", disse.
Para Abrahão, apesar da aprovação do marco legal do saneamento, ainda é preciso maior implementação da lógica de regionalização das políticas no País.
"Por mais que o marco regulatório tenha pavimentado o caminho, ainda há um esforço para promover as soluções para a população. O marco criou um ponto importante, que é viabilizar a competição, mas a concessão continua evidentemente na mão dos municípios. A exposição e o debate são fundamentais, para que os projetos não sejam enterrados", apontou.
Para Carla Barroso, chefe da Assessoria Internacional do Ministério do Desenvolvimento Regional, também é necessária a integração regional, para maior eficácia de políticas públicas.
"No Brasil, temos uma estrutura bastante complexa com a titularidade local, que é um desafio, mas temos modelos semelhantes no mundo, que usamos como base para desenvolver o marco legal do saneamento", disse.
A representante do MDR destacou que o investimento em saneamento pode impulsionar o desenvolvimento econômico do País e a melhoria de indicadores socioeconômicos. "Cada R$ 1 investido em saneamento significa R$ 4 a menos gastos em saúde, e cada R$ 1 bilhão representa 60 mil empregos. O investimento em saneamento repercute em toda a economia", apontou a gestora.
Barroso destacou que o saneamento ainda tem grandes avanços pela frente, considerando o atraso do setor no País. "O saneamento está chegando ao mercado 20 anos depois da infraestrutura de logística, que já tem estrutura regulatória testada de PPPs, aeroportos e energia. O saneamento tem um desafio muito grande, que monta a centenas de bilhões, para que possamos suprir essa lacuna, e que o governo está empenhado em resolver", concluiu.
Contato: luisa.laval@estadao.com
