Economia & Mercados
19/07/2021 18:08

Saúde financeira do brasileiro carece de cuidados, aponta índice lançado pela Febraban com o BC


Por Marcelo Mota

São Paulo, 19/07/2021 - O brasileiro ganhou um termômetro para medir as condições de seu órgão mais sensível, o bolso. Elaborado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) com a cooperação técnica do Banco Central (BC), o Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB) foi lançado nesta segunda-feira, resultado de um trabalho de aproximadamente um ano e meio, que envolveu uma pesquisa com 5.220 mil pessoas em todo o País.

"A ideia é termos um indicador que ajuste à nossa realidade socioeconômica, e que nos permita ter um retrato mais abrangente da saúde financeira da população para, assim, desenvolvermos uma nova abordagem educativa", disse o presidente da Febraban, Isaac Sidney, em evento online para lançamento do indicador.

A iniciativa, segundo ele, compõe um conjunto de ações promovidas pela entidade para elevar o grau de consciência das pessoas na gestão de suas finanças. "Com o avanço da vacinação e a retomada econômica, esse índice é uma ferramenta importante para que as pessoas possam tomar decisões corretas."

O I-SFB se soma a um cabedal de instrumentos que visam dar mais autonomia e controle financeiro às pessoas, boa parte deles reunidos no portal de educação financeira "Meu Bolso em Dia". Lançado pela Febraban há 11 anos, o portal já atraiu, segundo Sidney, mais de 29 milhões de usuários.

Demanda por recursos que auxiliem na organização das contas parece não faltar. Conforme a pesquisa realizada para embasar o novo indicador, seis em cada 10 brasileiros "consideram que a maneira como cuidam de suas finanças não os permite aproveitar a vida".

A Febraban só voltará a perguntar novamente como vão as finanças das famílias brasileiras no ano que vem, mas, para quem quer mudar esse quadro desde já, o I-SFB pode servir de bússola. Para encontrar o seu próprio índice, o usuário tem à disposição um questionário, elaborado criteriosamente dentro do trabalho de desenvolvimento da ferramenta, que contou com a participação de 70 profissionais, incluindo bancários, acadêmicos e reguladores, entre outros especialistas em crédito.

Ao menos com esse controle pessoal, o usuário não precisará gastar nada além do seu tempo, e mesmo assim pouco. Depois de responder a uma dúzia de perguntas, chega-se a uma pontuação de zero a 100, que forma o índice. Nessa tomada inicial, a pontuação média do brasileiro foi 57. Acima desse nível estão as faixas que experimentam o que se considera como "bem-estar financeiro". Abaixo, as faixas que vivenciam "maior estresse financeiro".

Na região Sul está a maior proporção relativa de brasileiros que dorme mais tranquila com suas contas. Lá, pessoas com a saúde do bolso entre boa e ótima representam 49,5% do total, conforme o levantamento. No Nordeste, esses somam 33,1%, enquanto aqueles com a saúde financeira em condição precária, de baixa a ruim, são 54,9%.

Em todo o País, 46,6% dos homens alegam viver em situação financeira confortável. Apenas 36,5% das mulheres dizem o mesmo. Mas a condição geral está longe de ser tranquila. Mais de dois terços (69,4%) empatam as contas, ou gastam mais do que ganham. Somente 21,9% disseram que conseguiriam arcar com uma despesa inesperada e vultosa. Apenas 34,1% se sentem capazes de reconhecer um bom investimento quando o veem, mas só 37,9% se dão conta de que precisam de orientação para cuidar do seu próprio dinheiro.

A metodologia utilizada para elaboração do I-SFB é aberta a todo o sistema e, segundo o diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do BC, Maurício Moura, não encontra paralelo em outros mercados. "Esse índice foi feito especificamente para a realidade do Brasil, dos brasileiros e brasileiras", disse ele. "Quanto mais conhecermos a situação do letramento financeiro do Brasil, mais estaremos preparados para lidar com os problemas."

Contato: marcelo.fernandes@estadao.com
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