Economia & Mercados
21/04/2019 14:02

Plano de Guedes para abrir mercado de gás encontra resistência na Petrobras


Por: Dida Sampaio e Lorenna Rodrigues

Brasília, 21/04/2019 - Setores da Petrobras resistem ao plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de abrir o mercado de gás e acabar com o monopólio da estatal. A divergência foi explicitada em uma troca de mensagens flagrada pelo Broadcast entre Guedes e integrantes de um grupo de WhatsApp chamado "Equipe Econômica". Em uma das mensagens, Guedes acusa o gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, Marcelo Cruz, de querer "desvirtuar o projeto".

O Broadcast fotografou Guedes conversando no grupo, que tem representantes do ministério e presidentes de bancos públicos, durante a "Cantata de Páscoa" no Palácio do Planalto, promovida pelo presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira (17).

Na conversa, o ministro encaminha ao grupo mensagem que ele havia recebido do economista Carlos Langoni - que vem atuando como uma espécie de mentor de Guedes na área de gás - que afirma que a "turma do gás da Petrobras é contrária à abertura que está sendo elaborada. "Gde [grande] PG [Paulo Guedes]: O Império contra ataca! Atenção: a turma do gás da PB [Petrobras] - contrária à abertura - quer criar um Gestor de Gasoduto! Coisa de burocrata intervencionista! No sense!", afirma o texto.

Langoni diz ainda que é preciso alertar "RCB e Luciano", numa referência ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e a Luciano Irineu de Castro, principal conselheiro da área energética na época da campanha do presidente Jair Bolsonaro e assessor da Presidência da Petrobras. O economista diz ainda que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) é contra a "ideia maluca" de criação do gestor, que não discutiria o termo de ajuste que é negociado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a agência.

Em seguida, Guedes digita: "Marcelo Cruz...gerente de gás da Petrobras. Quer desvirtuar o projeto". Na mesma conversa, uma segunda pessoa, identificada no celular do ministro como sendo o presidente do BNDES, Joaquim Levy, escreve: "liberdade ao gás... Langoni tá certo e temos que acelerar ajuste legislação dos estados Abertura jah(sic)".

Segundo o Broadcast apurou, o governo identificou que há certa "resistência interna" na Petrobras, mas que é um grupo pequeno, que defende a manutenção do controle estatal no mercado de gás. Isso, porém, não é considerado um obstáculo à implementação da agenda liberal defendida por Guedes.

Procurados, o Ministério da Economia, a Petrobras, e o BNDES não quiseram se pronunciar.
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