Agronegócios
09/04/2021 11:55

Especial: SLC prevê investimento em digitalização e renovação de frota da Terra Santa a partir de 2022


Por Clarice Couto

São Paulo, 09/04/2021 - À espera do "closing" da transação de compra da operação agrícola da Terra Santa Agro, a SLC Agrícola vem planejando a integração das duas companhias e os próximos passos para implementar nas fazendas da Terra Santa o mesmo nível tecnológico presente nas propriedades da SLC. Em entrevista ao Broadcast Agro, o diretor presidente da SLC, Aurélio Pavinato, disse que o maior volume de investimentos deve ser feito a partir da safra 2022/23, um ano após a data prevista para o closing, 30 de junho. Com base na estimativa de plantio da Terra Santa para a safra 2020/21, a expectativa é que a operação acrescente cerca de 130 mil hectares à SLC.

"Certamente os investimentos em 2022 serão mais intensos, provavelmente será o ano mais intenso (em investimentos)", comentou Pavinato. Em 2020, o Capex (investimentos) da SLC Agrícola chegou a R$ 234,3 milhões, 15,3% abaixo do montante de 2019.

No dia 25 de março, a SLC Agrícola e a Terra Santa Agro informaram que assinaram acordo para a implementação da combinação dos negócios da SLC Agrícola aos da operação agrícola da Terra Santa (excluindo terras e benfeitorias), mediante incorporação das ações da Terra Santa pela SLC. O memorando de entendimentos da operação já tinha sido assinado em 26 de novembro. A operação já foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas precisa ainda ser aprovada em Assembleia de Acionistas das companhias.

O valor total atribuído à operação agrícola da Terra Santa (excluído o valor das terras e benfeitorias) é equivalente a R$ 550 milhões, acrescido de cerca de R$ 203 milhões de outros ativos, totalizando aproximadamente R$ 753 milhões, que reflete a apuração de contas de capital de giro, ativo fixo e determinados ativos.

Em meados do ano que vem, as cinco fazendas da Terra Santa arrendadas para a SLC, cuja operação agrícola passa a ser de propriedade desta, começarão a receber antenas de conectividade 4G para torna viável a conexão de máquinas agrícolas e outros dispositivos a softwares de monitoramento das diversas etapas produtivas. A ideia é que ao longo da safra 2022/23 sejam instaladas antenas em todas as propriedades da Terra Santa, segundo Pavinato. Na SLC, oito fazendas já têm cobertura 4G e até o fim do ano, todas as 16 fazendas terão conectividade. Em 2020/21, A SLC plantou nas 468,2 mil hectares nas 16 propriedades.

As fazendas da Terra Santa tampouco têm hoje soluções de agricultura digital, o que deve mudar a partir de agora. "A Terra Santa tinham limitação para investir", pontua o executivo. Mais do que ampliar contratos com os prestadores de serviços, será importante treinar os cerca de 1 mil funcionários que atuavam nas fazendas da Terra Santa e serão incorporados pela SLC.

Outro investimento previsto, em um prazo um pouco mais estendido, se destinará à renovação da frota de máquinas agrícolas da Terra Santa. "A idade média das máquinas deles é maior do que a das nossas. Ainda não fizemos o detalhamento da frota, mas a lógica é que nos próximos três anos se faça uma renovação quase completa do parque de máquinas deles", afirmou Pavinato. De acordo com o executivo, a Terra Santa conta com aproximadamente um terço do número de máquinas da SLC, hoje de cerca de 700 máquinas.

Curto prazo - No primeiro ano de integração das operações agrícolas de Terra Santa e SLC, o foco será no alinhamento dos cerca de mil funcionários da Terra Santa à cultura e aos processos da SLC. "A parte da cultura da companhia é muito importante porque não estamos incorporando ativos (a propriedade das fazendas continuará sendo da Terra Santa), mas um time. Então vamos trabalhar muito forte nisso nos próximos meses", diz Pavinato. Do total de funcionários, somente 100, aproximadamente, ficam na matriz em funções administrativas.

Pavinato explica que além das diferenças de missão e visão de cada companhia, há também outras relacionadas a processos e modos de gerir a operação agrícola. "A operação em si é a mesma, mas a organização, a rotina do dia a dia é diferente. Por exemplo, toda manhã, por volta de 6h30, as equipes das fazendas da SLC fazem reunião matinal para alinhar as atividades do dia; após o almoço, há reuniões dos monitores de campo para definir as aplicações de defensivos; não sei como é lá (na Terra Santa)", argumenta o executivo.

Ele diz que não há planos de cortes de pessoal nas fazendas, somente nos escritórios centrais da Terra Santa, em Cuiabá (MT) e São Paulo (SP). "Já falamos para eles que não faremos cortes no primeiro ano mas, no segundo, vamos consolidar tudo no escritório de Porto Alegre (da SLC)".

Produtividade - Pavinato explica também que, no primeiro ano, o plano é manter o nível de eficiência e produtividade nas terras da Terra Santa e obter economias de custos pelo ganho de escala nas compras de insumos e negociação de produtos agrícolas. Já no segundo ano, a companhia passa a buscar produtividades maiores, ainda que os patamares de rendimento obtidos no campo pela Terra Santa não estejam distantes dos da SLC.

Para a safra 2020/21, a SLC prevê produtividade média de 3,755 toneladas de soja por hectare, 7,567 toneladas de milho por hectare, 1,863 t/ha de algodão primeira safra e 1,638 t/ha de algodão em pluma segunda safra. Já a Terra Santa tem orçado para a safra 2020/21 um rendimento médio de soja de 3,462 t/ha; 7,257 t/ha de milho; e 1,763 de algodão em pluma primeira e segunda safras. "O pequeno degrau de produtividade entre Terra Santa e SLC some no ano que vem", conclui o diretor presidente da SLC.

Contato: clarice.couto@estadao.com
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