Por Leticia Pakulski, com Dow Jones Newswires (colaborou Augusto Decker)
São Paulo, 24/11/2020 - Os contratos futuros de soja fecharam em direções opostas, mas perto da estabilidade, nesta terça-feira na Bolsa de Chicago (CBOT). O vencimento janeiro, ainda o mais líquido, cedeu 0,25 cent (0,02%) e terminou a US$ 11,9125/bushel, ainda sem forças para romper a barreira dos US$ 12/bushel. Os demais contratos, contudo, fecharam em alta.
Antes da sessão de hoje, o mercado havia subido por sete sessões consecutivas. Nesta terça-feira, passou por uma correção após ganhos recentes e antes do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Na segunda-feira, os futuros encostaram na resistência a US$ 12 por bushel, mas fecharam abaixo desse nível, o que contribuiu para o movimento de tomada de lucros na sequência. No entanto, o clima na América do Sul ainda quente e seco segue dando suporte às cotações, segundo a AgResource. "De longe, 2020 é um dos piores começos de uma temporada de cultivo da América do Sul na história moderna", disse a consultoria, em comentário. "Qualquer pausa (nos ganhos) na CBOT deve ser modesta e de curta duração."
No principal consumidor, a China, o esmagamento de soja foi de 2,1 milhões de toneladas na semana passada e está em torno de 37% acima de igual período do ano passado, disse o analista sênior de commodities da Ásia da StoneX, Darin Friedrichs. O processamento de soja está regularmente acima de 2 milhões de toneladas em 2020, um evento raro antes deste ano, observou. Embora os volumes processados estejam em níveis historicamente altos, os estoques de farelo de soja estão inalterados e os de óleo de soja caíram, segundo ele. "O óleo de soja parece ser cada vez mais usado para substituição, já que os estoques de óleo de canola e de palma são pequenos."
A valorização da soja observada na safra 2019/20 deve se manter em 2020/21, de acordo com o Itaú BBA. "Temos expectativa de balanço global apertado, principalmente por causa do cenário nos Estados Unidos", afirmou o gerente de Consultoria de Agronegócios do banco, Guilherme Bellotti, no evento Agro em Pauta. "Na safra 2020/21, 81% das exportações esperadas dos EUA já foram contratadas, o que contribui para impulsionar Chicago. E isso joga a responsabilidade para a América do Sul, onde temos plantio tardio e risco maior no desenvolvimento da lavoura", completou.
Bellotti ressaltou a concentração do plantio e o ambiente de La Niña em que a lavoura se desenvolve na América do Sul, com risco principalmente para a Argentina e para a região Sul do Brasil. "Além disso, apesar da produção volumosa esperada para o Brasil, o balanço no País deve ser apertado por causa do aumento das exportações", afirmou, lembrando que a China deve continuar com compras expressivas e que, com isso, o prêmio no porto deve continuar sustentado.
Veja como ficaram os principais contratos de soja e derivados:
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
|
GRÃO |
|
FARELO |
|
ÓLEO |
|
US$/bushel |
cents |
|
US$/t |
US$ |
|
(cents/libra) |
pontos |
Jan/21 |
11,9125 |
-0,25 |
Dez/20 |
398,30 |
3,40 |
Dez/20 |
38,06 |
-49 |
Mar/21 |
11,9325 |
0,75 |
Jan/21 |
396,90 |
3,90 |
Jan/21 |
37,72 |
-62 |
Mai/21 |
11,9200 |
1,00 |
Mar/21 |
396,00 |
3,20 |
Mar/21 |
37,61 |
-60 |
Jul/21 |
11,8775 |
1,50 |
Mai/21 |
393,20 |
3,20 |
Mai/21 |
37,49 |
-52 |
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CBOT/Agência Estado