Agronegócios
26/02/2021 13:26

Elanco/Carlos Kuada: após 10% em 2020, esperamos crescer até 5% em receita no Brasil em 2021


Por Julliana Martins

São Paulo, 26/02/2021 - A Elanco Saúde Animal espera crescer até 5% em receita no Brasil em 2021 em comparação com o ano passado. A perspectiva positiva tem como base a projeção de que o mercado continuará evoluindo neste ano, ainda que a pandemia do coronavírus não tenha acabado, disse ao Broadcast Agro o vice-presidente da companhia no País, Carlos Kuada. O executivo avalia 2020 como um ano positivo para a empresa, que registrou crescimento de 10% em receita e de 35% no resultado operacional ante 2019. "Depois do pico da pandemia, em abril, tivemos recuperação mês a mês. Isso provou que a saúde animal é um negócio resiliente e que tem tudo para continuar evoluindo neste ano", disse.

O segmento que mais avançou foi o de produtos para animais de companhia, que saltou 17% na mesma base comparativa. No setor de animais de produção, o aumento de receita foi de 7%, principalmente por causa dos produtos direcionados para a saúde de bovinos. Parte desse crescimento é resultado da aquisição da Divisão de Saúde Animal da Bayer, cujo portfólio de produtos já era mais focado em pets e na pecuária, lembra Kuada. A Elanco comprou a empresa em agosto do ano passado, em uma transação avaliada em US$ 6,89 bilhões. "Isso nos ajudou a manter os negócios crescendo acima da média do mercado. Os dois portfólios tiveram bons resultados, mas o da Bayer pesou mais no segmento de bovinos", disse.

Na pecuária, o aumento dos preços da arroba do boi gordo, de fato, capitalizou mais o produtor, que é cliente da Elanco. Contudo, não dá para negar que os custos com alimentação animal também subiram exponencialmente, apertando as margens de lucro. Nesse sentido, o que está por trás do aumento das vendas da empresa, na avaliação do executivo, é uma mudança na mentalidade e percepção de valor em produtos que podem agregar na eficiência e produtividade das fazendas. "O produtor quer continuar aproveitando o valor da arroba, mas sempre vai tentar reduzir os custos. E isso ele faz investindo em produtos que mexam na alimentação, por exemplo, e auxiliem na melhoria da conversão e ganho de peso do animal", comentou Kuada. E acrescentou: "Não é só produzir, precisa pensar em eficiência para ter lucro e sustentabilidade na cadeia produtiva."

Para 2021, o executivo afirmou ter projeções mais conservadoras para o primeiro semestre, dado o ambiente de forte incerteza no mercado doméstico. Segundo ele, o andamento dos negócios vai depender de uma série de decisões do governo quanto à continuidade dos auxílios emergenciais e a retomada dos empregos, por exemplo. Esses fatores devem influenciar diretamente no consumo de proteína animal, que, por sua vez, mexerá com a demanda por medicamentos para animais de produção.

Em relação aos custos de produção, Kuada avalia que não deve haver grandes alterações por enquanto. Em 2020, a Elanco precisou lidar com efeitos negativos do câmbio no caso de produtos importados, por exemplo, mas conseguiu fazer uma gestão de preços que não afetasse de forma significativa os resultados da empresa. "Um ponto interessante é que agora, com a aquisição da Bayer, conseguimos negociar melhor alguns custos, já que aumentamos os volumes de produtos", comenta.

A inovação é a principal estratégia de crescimento da Elanco, e driver dos investimentos previstos para este ano. O foco está no desenvolvimento de novos produtos e não na reforma das fábricas ou novas aquisições, já que a empresa ainda precisa consolidar a chegada da Bayer, segundo o executivo. "Nossos esforços estão direcionados para essa integração interna entre times e sistemas", conta. A previsão é de que até 2024 sejam lançados pelo menos 25 produtos globalmente, seis deles chegando ao Brasil ainda este ano.

Contato: julliana.martins@estadao.com
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