Por Julliana Martins
São Paulo, 23/06/2020 - A Atvos, braço sucroenergético do Grupo Odebrecht e em recuperação judicial separada da controladora, encerrou a safra 2019/20, em 31 de março, com prejuízo de R$ 1,493 bilhão. A receita líquida da companhia cresceu 6% na temporada, para R$ 4,281 bilhões para R$ 4,549 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi apresentado pela empresa nos critérios societário e societário ajustado. No primeiro, o número ficou em R$ 1,893 bilhão na safra 2019/20, alta de 38,47% na comparação interanual. No critério ajustado, o Ebitda da temporada encerrada em março ficou em R$ 1,524 bilhão, alta de 1,8%. Os ajustes excluem o valor justo dos ativos biológicos, segundo a empresa.
A Atvos manteve, ao longo da temporada 2019/20, o ritmo operacional observado na safra anterior, com 26,9 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas, volume 1% maior na comparação com o ciclo anterior. No período, a empresa produziu 235 mil toneladas de açúcar VHP e 2 bilhões de litros de etanol, hidratado e anidro. O teor médio de ATR (Açúcar Total Recuperável) atingiu o melhor resultado histórico da empresa, com alta de 2% na mesma base de comparação, para 133,6 kg/hectare.
No período, a empresa investiu R$ 492 milhões e R$ 933 milhões na exclusão e inclusão de tratos culturais da cana-soca, com foco na formação e manutenção do canavial, de acordo com documento de divulgação de resultados. O montante é 11% menor do que o investido na temporada anterior e reflete, segundo a empresa, uma gestão conservadora e alinhada ao processo de reestruturação financeira. Além disso, a empresa gerou R$ 1,034 milhão em caixa durante a safra 2019/20, crescimento de 47% ante a safra anterior.
A dívida líquida aumentou 13,53% na última temporada, para R$ 11,761 bilhões. Assim, a alavancagem da Atvos, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, chegou a 7,7 vezes no período, contra 6,9 vezes na safra 2018/19.
A Atvos espera que a implementação do plano de recuperação judicial, aprovado em maio deste ano e sujeito à homologação pela Justiça do Estado de São Paulo, deve reduzir o endividamento total da empresa em cerca de 48%. Além disso, estima que a alavancagem cairá de 7,7 vezes para 3,6 vezes. "Teremos uma redução expressiva de estresse de caixa, uma vez que com o plano homologado há previsão de redução do montante da dívida e no custo médio, com impacto considerável no resultado líquido", afirma em nota o diretor financeiro da empresa, Alexandre Perazzo.
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