Agronegócios
23/02/2018 10:46

BRF/Abilio Diniz: Temos de recuperar credibilidade; vou deixar de ser protagonista


São Paulo, 23/02/2018 - Após a BRF registrar novo prejuízo, o presidente do conselho, Abilio Diniz, afirmou que é necessário recuperar a credibilidade da empresa e que também vai deixar de lado seu protagonismo, passando a atuar mais como é esperado do cargo. "Sei que vocês foram surpreendidos com números de resultados para baixo, nós também", disse ele ao abrir a teleconferência sobre os resultados de 2017 e do último trimestre do ano passado, há pouco. "Temos de recuperar nossa credibilidade, precisamos acreditar na empresa", disse.

Ele chegou a dizer que "tem sido muito mais protagonista do que deve ser um chairman", mas disse que não se arrepende da postura que tomou. Ele discorreu sobre os problemas enfrentados pela companhia ao longo do ano, principalmente sobre o episódio da Operação Carne Fraca, deflagrado pela Polícia Federal em 17 de março. "Vocês não fazem ideia o que foi o episódio da Carne Fraca para esta empresa", disse. A BRF abate cerca de 7 milhões de frangos por dia, segundo Diniz. "Imagina o que é quebrar essa cadeia", disse sobre os embargos de importadores após a operação. "Mercados reabriram mas negociaram preço, tornaram as condições mais difíceis", disse. "Temos fábricas que ainda não foram totalmente liberadas", afirmou. A BRF teve problemas com volumes de estoques, em parte também consequência da operação.

Ao longo do ano, a BRF realizou uma série de mudanças no seu quadro de diretores. A principal mudança foi a saída de Pedro Faria e a entrada José Aurélio Drummond como CEO da empresa. "No meio do ano configuramos claramente que precisávamos mudanças", disse Diniz. "A companhia hoje está sólida e tem uma base para ser levada para frente", disse.

Ele afirmou que, nos últimos meses foi mais protagonista do que deveria ser, mas que agora vai sair um pouco de cena, deixando o comando na empresa na mão da nova equipe formada. "Eu acredito que tudo começa com gente. Essa gente está em busca de corrigir problemas, de ter números absolutamente confiáveis e não ter surpresas", disse. Abilio Diniz afirmou ainda que acredita na recuperação da economia brasileira e que, com isso, a empresa deve ter um resultado melhor, baseado na retomada do consumo.

A BRF reportou ontem o pior prejuízo da sua história, com um resultado negativo de R$ 1,099 bilhão no acumulado de 2017, praticamente o triplo do prejuízo líquido de R$ 367 milhões registrado em 2016. Boa parte do prejuízo líquido ficou concentrado no quarto trimestre do ano passado quando a empresa registrou perda de R$ 784 milhões, ante um prejuízo líquido de R$ 442 milhões em igual período de 2016. A BRF atribuiu o resultado ao "lançamento de diversas provisões operacionais excepcionais".

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 499 milhões de outubro a dezembro do ano passado, uma queda de 13,4% ante igual intervalo de 2016 (R$ 559 milhões). Em termos ajustados, excluindo efeitos como os da Operação Carne Fraca, a empresa calculou um Ebitda R$ 645 milhões no quarto trimestre de 2017, o que representa uma alta de 38,4% ante R$ 466 milhões em igual período de 2016.

A receita líquida da BRF somou R$ 8,901 bilhões no quarto trimestre de 2017, alta de 3,6% na comparação com o mesmo período de 2016, de R$ 8,59 bilhões. Segundo a empresa, a alta é explicada pelos maiores volumes comercializados sobretudo no mercado doméstico e no Cone Sul, e pelo preço médio que apresentou um leve aumento. (Camila Turtelli, camila.turtelli@estadao.com)
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