São Paulo, 28/03/2017 - O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está se afastando das boas práticas de governança para os setores de petróleo, gás e mineração, afirma Cullen S. Hendrix, pesquisador do Peterson Institute for International Economics (PIIE).
Hendrix se refere à posição do novo governo em relação à Iniciativa para a Transparência das Indústrias Extrativas (EITI, na sigla em inglês), um projeto que visava prevenir a corrupção, o conflito, violações de direitos humanos e ambientais nessas indústrias. "Os EUA trabalham nessa iniciativa desde 2012. Trump, no entanto, cancelou todas as reuniões remanescentes com ONGS e representantes das empresas, bem como os encontros semanais do Departamento do Interior relacionado ao tema", diz o pesquisador.
A EITI conta com a participação de 50 países e mais de 80 das maiores companhias dos setores mencionados. Sua rejeição, bem como a de uma emenda que exigia dessas empresas transparência em relação a pagamentos feitos a governos nos exterior, sinaliza "um passo atrás do compromisso norte-americano em ajudar a reformar setores que têm um histórico ruim no combate ao chamado "paradoxo da abundância (países ricos em recursos naturais que têm piores resultados de desenvolvimento por causa de problemas como corrupção e instituições frágeis)".
Além de ser um revés na luta em prol da transparência e da governança mundial, o novo posicionamento da Casa Branca pode ser provar contraprodutivo para as próprias empresas norte-americanas, afirma Hendrix, uma vez que o mundo parece caminhar nessa direção. "Caso as companhias dos EUA sejam percebidas como menos transparentes do que suas concorrentes europeias ou canadenses, elas podem perder negócios". (Marcelo Osakabe - marcelo.osakabe@estadao.com)
