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13/07/2017 09:42

Como a ciência ajuda a elucidar as origens da humanidade


São Paulo--(DINO - 13 jul, 2017) - Provavelmente você já ouviu falar que o Homo sapiens é uma espécie nativa do continente africano que se espalhou pelo globo caminhando em busca de alimento, abrigo e escapando de predadores, atingindo Ásia, Europa e, por último, a América. Esta última conquista do homem pré-histórico se fez possível durante a última Glaciação, há cerca de 11 mil anos, quando o Estreito de Bering (que hoje separa a Sibéria do Alasca) ficou coberto por uma sólida camada de gelo, tornando possível a passagem a pé de um continente ao outro. Estudos recentes, porém, apontam que outras populações podem ter surgido na América antes da passagem pela Beríngia. Estas populações teriam vindo da Melanésia (Oceania) há cerca de 14 mil anos, e seriam ancestrais de populações sul-americanas, inclusive tribos brasileiras.

Apesar de parecer simples, obter conhecimentos profundos neste tipo de assunto é uma tarefa árdua para arqueólogos, historiadores e antropólogos, uma vez que os insumos necessários para pesquisa ? resquícios de ferramentas, armas e utensílios, por exemplo ? são escassos e de difícil obtenção. Isto porque trata-se de um período anterior ao surgimento da escrita ? ou seja, não há documentação de fatos ocorridos ? e, no caso dos estudos envolvendo a Beríngia, de um recorte geográfico que não existe mais, uma vez que a camada de gelo pela qual nossos ancestrais caminharam já derreteu. Sendo assim, como é possível para os cientistas saberem com precisão qual foi o caminho percorrido pelos primeiros americanos e quais eram seus hábitos? Que legado estes homens e mulheres pré-históricos deixaram para nós?

Uma das respostas é o DNA.

Para entender o fluxo gênico das populações envolvidas nestes processos migratórios, cientistas utilizam técnicas diversas de biologia molecular. Como são poucos os insumos disponíveis para estudo, na maioria das vezes a quantidade de material genético não é suficiente para uma análise mais profunda. Este problema é contornado pela técnica conhecida como PCR -reação em cadeia de polimerase (a polimerase é uma enzima capaz de fazer cópias de DNA) -, que consiste em pegar um fragmento qualquer de uma amostra de DNA e multiplicá-lo inúmeras vezes, até que se tenha quantidade suficiente para proceder com demais análises. Esta técnica, também conhecida como "amplificação de DNA", é usada, por exemplo, em exames de paternidade , possibilitando a extração do DNA de um indivíduo com uma amostra tão pequena quanto menos de 1mL de sangue, obtido por punção digital, semelhante a um teste de diabetes.

Uma vez amplificado, o DNA pode então ser sequenciado. Isso significa, em poucas palavras, conhecer a sequência de pares de bases que constitui o fragmento em questão. Existem várias técnicas de sequenciamento disponíveis, e cada uma possui suas particularidades, o que as tornam mais adequada para alguns usos e menos para outros. Uma delas é o SNP-Array, que possibilita a análise simultânea de diversos pontos em um fragmento de DNA. Esta técnica foi usada em um estudo publicado em 2015 na revista Science, que fortaleceu a hipótese de que a migração para as Américas não foi imediata, conhecida como Hipótese de Permanência na Beríngia.

O estudo analisou marcadores genéticos de nativos americanos e asiáticos e, a partir dele, foi possível elucidar que a população Clovis (descendentes dos nômades da Beríngia) é oriunda de uma única grande onda migratória, uma vez que compartilham muitos traços genéticos semelhantes. Além disso, as evidências possibilitam saber que houve muitas mudanças no perfil genético destes humanos com relação a seus antepassados eurasianos, corroborando a hipótese de que houve um longo período de isolamento geográfico antes da migração para a América do Norte. Esta técnica hoje está à disposição do público em geral: algumas empresas, como a Genera, oferecem exames de ancestralidade que comparam o DNA do cliente com bases de dados de marcadores genéticos característicos de várias populações diferentes. Os resultados, inclusive, podem ser disponibilizados em forma de mapa, indicando quais fluxos migratórios e quais regiões do globo estão mais presentes no DNA analisado.

Cientistas ainda investigam as origens exatas dos seres humanos nas américas, sempre ajudados pelo que há de mais avançado na biologia molecular, na genética e na bioinformática. Estas, por sua vez, estão cada vez mais presentes na sociedade, uma vez que avanços nestas áreas não só possibilitam análises mais refinadas, mas também preços mais acessíveis.


Website: http://www.genera.com.br/teste-de-ancestralidade/

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