Brasília, 28/06/2016 - O efeito da paralisação dos caminhoneiros sobre a economia e a mudança da bandeira tarifária na energia elétrica farão com a que a inflação mensal de junho supere 1%. A previsão foi feita pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). A instituição prevê que o IPCA - o índice oficial - deste mês ficará em 1,06%. O número indica firme aceleração do índice que registrou alta dos preços de 0,40% em maio e 0,22% em abril.
O BC diz que a "expressiva aceleração projetada para a inflação mensal de junho repercute a intensificação dos efeitos da paralisação no setor de transporte de carga sobre os preços de alimentos e combustíveis e a da mudança de bandeira tarifária" no setor elétrico.
Esse pico da inflação no mês de junho, defende o BC, será pontual. "Nos meses seguintes, espera-se que a reversão dos efeitos do desabastecimento, a sazonalidade favorável dos preços de alimentos e a elevada ociosidade dos fatores de produção favoreçam o arrefecimento das taxas mensais". Essa desaceleração dos preços ocorrerá, segundo prevê o BC, mesmo com "os efeitos defasados da depreciação cambial observada desde o final de abril e da alta projetada para passagens aéreas, em julho".
Para julho, o BC prevê inflação de 0,27%. Em agosto, a desaceleração continua e a instituição espera alta de 0,20%. Confirmados os números, o trimestre acumularia IPCA de 1,54% e a inflação em 12 meses alcançaria 4,23% em agosto.
No Relatório de Inflação, o BC destacou que, apesar da alta dos preços esperada nos próximos meses, "a retomada da atividade em ritmo mais gradual que o esperado e a propagação inercial do baixo patamar inflacionário são fatores que contribuem para manutenção da inflação em patamar reduzido, sobretudo no segmento de serviços e em medidas de inflação subjacente".
No mais recente relatório de mercado Focus, divulgado na última segunda-feira, as projeções do mercado financeiro para o IPCA eram de 1,11% em junho, 0,34% em julho e 0,12% em agosto. (Fabrício de Castro e Fernando Nakagawa - fabricio.castro@estadao.com e fernando.nakagawa@estadao.com)