Economia & Mercados
01/10/2021 07:31

Especial: Após vencer leilão para construir termelétrica em Barueri, Orizon mira PPP em SP


Por Wilian Miron e Leandro Tavares

São Paulo, 30/09/2021 - Após contratar 20 megawatts (MW) no leilão A-5, realizado hoje pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a Orizon Valorização de Resíduos mira voos mais altos, e vislumbra participar de uma futura concorrência para instalar usina em aterros municipais em São Paulo.

O certame realizado hoje marcou a primeira contratação de usina que produz energia a partir do aproveitamento de resíduos sólidos urbanos, o lixo depositado em aterros sanitários, e abriu caminho para a construção deste tipo de empreendimento. "Esses leilões são feitos para motivar a construção desse tipo de empreendimento e viabiliza essa tecnologia", disse o presidente da empresa, Milton Pilão.

A usina será implantada em Barueri, na Grande São Paulo, pela Orizon, e sua construção demandará investimento de R$ 500 milhões, obtidos por meio de crédito do Banco Mundial e emissão de debêntures. A previsão é que as obras comecem no segundo trimestre de 2022 para que ela comece a gerar energia até o início de 2025.

Segundo ele, a empresa tem monitorado os movimentos da Prefeitura de São Paulo no sentido de abrir licitações para futuras Parcerias Público-Privadas (PPPs) para aproveitamento da capacidade energética dos aterros sanitários do município. Atualmente a cidade conta com três pontos de descarte de lixo urbano, e a expectativa é que os contratos vigentes terminem nos próximos anos, permitindo a realização de novas licitações.

"São Paulo deve ser a próxima a entrar na rota do WTE (Waste to Energy, da sigla em inglês), e sendo os primeiros, estaremos bem-posicionados para as oportunidades que virão", disse Pilão.

O modelo de negócios da usina contrata hoje prevê que 40% da receita do empreendimento venha por meio da PPP com a prefeitura de Barueri, pelo prazo de 30 anos. Já a venda de energia deve assegurar um contrato para venda de energia pelo prazo de 20 anos valor, no valor de R$ 1,2 bilhão.

A energia gerada será equivalente ao consumo de 320 mil pessoas e utilizará 300 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano.

Para o presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), Yuri Schmitke a contratação da termelétrica da Orizon foi uma grande vitória para o setor, que terá mais condições de buscar espaços nos próximos leilões. "O resultado foi positivo e o setor se prepara para participar de outros leilões", disse.

A possibilidade de crescimento do mercado de biogás e de produção de energia proveniente de lixo urbano tem atraído nomes como o da Aggreko. A empresa anunciou recentemente que tem intenção de investir R$ 240 milhões em projetos de biogás e em buscar parceiros para a geração de eletricidade resíduos de aterros, substratos efluentes do agronegócio e das indústrias alimentícias.

De acordo com o diretor de Vendas Brasil da Aggreko, Hugo Dominguez, a empresa tem interesse em construir projetos com capacidade para produzir ao menos 1 MW de energia, seja por meio de parcerias com municípios ou no agronegócio, e avalia participar de leilões a partir de 2023. "Existe movimento de várias cidades nesse sentido pensando em energia renovável, alguns avançando com solar e outros pensando em resíduos para energia. Temos sido consultados, e é possível que no futuro consiga ajudar municípios", disse.

Contato: energia@estadao.com
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