Economia & Mercados
04/06/2019 22:32

Brasil deveria aproveitar melhor vantagem competitiva da energia renovável, dizem especialistas


Por: Luciana Collet

São Paulo, 28/05/2019 - O Brasil deveria aproveitar melhor a vantagem competitiva de sua matriz elétrica, fortemente baseada em fontes renováveis. Além de explorá-las para a produção de energia, especialistas defendem uma maior exploração dessa geração renovável diante dos consumidores, e perante os clientes desses consumidores.

Para Fernando Lopes, sócio diretor do Instituto Totum, que realiza a certificação de energia renovável do País, empresas exportadoras, por exemplo, poderiam se beneficiar se indicassem sua pegada de carbono, que costuma ser naturalmente baixa no Brasil, tendo em vista a possibilidade de consumo de energia limpa. "Isso pode ser uma vantagem competitiva" no mercado internacional, disse, citando como exemplo o segmento de café solúvel, que possui conteúdo de carbono pequeno por utilizar caldeira a biomassa e energia adquirida com certificado de energia renovável (REC, na sigla em inglês).

A comercialização de RECs não é uma novidade no Brasil. Começou em 2014, com a comercialização de 244 certificados, e vem crescendo em ritmo elevado. Somente em 2019, são 1,5 milhão de certificados, com previsão de superar os 3 milhões até o fim do ano.

A forte expansão acontece em um momento em que diversas empresas, mundo afora, têm se comprometido com metas de consumo de energia renovável. Uma iniciativa internacional chamada RE100, que já congrega 153 empresas, chama interessados a se comprometer a ter 100% de seu consumo de energia renovável até 2050. Algumas das empresas se comprometem com prazos mais apertados, entre 2025 e 2050. Para tanto, essas empresas não apenas compram RECs, mas efetivamente acertam compra de longo prazo de energia renovável ou buscam desenvolver projetos de autoprodução e geração distribuída. No ano passado, o Facebook, por exemplo, adquiriu sozinho 2,6 mil MW, mais do qualquer das distribuidoras de energia dos EUA, disse Luiza Demoro, analista sênior para América Latina da BloombergNEF.

O presidente da AES Tietê, Ítalo Freitas, comentou que a certificação da energia de uma das usinas da companhia, no passado recente, gerou um forte interesse entre seus clientes nos RECs da geradora, mas considera que ainda há potencial ainda a ser explorado. Ele salientou, em particular, o fato de que em alguns projetos de energia renovável, além do benefício ambiental, há também um benefício social, que ainda não é muito capturado pelas empresas. "Quando se coloca um projeto eólico em determinada região onde o índice de pobreza alto, há um impacto social. No sertão do Nordeste, mais que tirar CO2, o impacto social é gigantesco", defendeu.
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