Por Gabriel Caldeira
São Paulo, 11/08/2022 - Os sinais mais relevantes da economia dos EUA ainda apontam para uma atividade saudável e não indicam uma desaceleração compatível com um cenário de recessão da principal economia do planeta. A avaliação é compartilhada pelo economista-chefe do WHG, Fernando Fenolio, e o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima.
Segundo eles, a desaceleração vista nos primeiros trimestres de 2022 - que marcaram contração do Produto Interno Bruto (PIB) americano - refletem mais o aumento do custo de vida por conta da escalada inflacionária no país.
Por isso, o Federal Reserve (Fed) não deve olhar de forma particularmente positiva a desaceleração da inflação em julho, vista no índice de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) deste mês.
"Ainda estamos no começo" do processo de combate à inflação nos EUA, argumentou Lima, durante participação no Broadcast Live desta quinta-feira. Para ele, o Fed deve elevar os juros em 75 pontos-base na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).
Fenolio também defende uma repetição da dose, após as duas altas consecutivas nas reuniões de junho e julho. Ele, porém, disse não ter segurança de que o Fed vai entregar um aumento de 75 pontos-base.
O economista destacou que a precificação atual dos mercados está mais "otimista" do que o adequado. Uma correção nos ativos americanos deve ocorrer à medida que o Fed persiste no aperto monetário forte, diz.
Quanto aos ativos brasileiros, Lima espera menor atratividade para a renda fixa, dado o eventual achatamento do diferencial de juros entre Brasil e EUA, mas avalia que a bolsa pode ganhar nos próximos 12 meses. Para ele e Fenolio, os valuations domésticos estão baratos e favorecem uma onda compradora.
Contato: gabriel.caldeira@estadao.com
