Agronegócios
12/08/2021 08:25

Café: OIC dá hoje veredicto sobre candidatos que concorrerão à diretoria-executiva


Por Célia Froufe

Brasília, 12/08/2021 - A Organização Internacional do Café (OIC) dará hoje (12) seu veredicto sobre a aprovação dos nomes enviados pelos países-membros para concorrerem à diretoria executiva da entidade que tem sede em Londres. Brasil, Vietnã e Congo indicaram profissionais que avaliam serem fortes para disputar a eleição em abril de 2022. O prazo de inscrição se encerrou em 30 de julho e, desta vez, nenhuma nação importadora decidiu concorrer. Na edição de 2017, que elegeu José Sette, Suíça e Rússia tentaram emplacar um candidato, mas o brasileiro acabou vencendo o pleito. No total, ele disputou a vaga com mais sete candidatos. A organização reúne praticamente todos os produtores de café do mundo e 80% dos países consumidores.

Do final do mês passado até agora, a OIC analisou o perfil e os documentos dos indicados para averiguar se preenchiam todas as exigências determinadas pela instituição. “O Brasil é o favorito, mas nunca sabemos como a campanha vai se dar”, disse ao Broadcast o embaixador Marco Farani, da Representação Permanente do Brasil junto às Organizações Internacionais (Rebraslon), em Londres. A votação é feita por consenso e, se forem necessárias, várias rodadas com exclusão de nomes são feitas pelos representantes dos países até que se chegue à unanimidade.

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café e o segundo maior consumidor, o que, teoricamente, aumenta as chances de um candidato doméstico continuar no comando da instituição. O que pode pesar contra o País, segundo Farani, é justamente o fato de a OIC ter sido comandada por brasileiros na maior parte do tempo. Antes de Sette, o também brasileiro Robério Silva estava à frente da instituição multilateral - ele faleceu no final de 2016, vítima de um enfarte. Apenas em duas ocasiões o Brasil não esteve na liderança da Organização: em 1968, quando o inglês Cyril Spencer assumiu o cargo temporariamente e de março de 2002 a outubro de 2010, quando o colombiano Néstor Osorio Londoño comandou a entidade.

O Vietnã vem se configurando como um forte candidato também. É o segundo maior exportador de café, apenas atrás do Brasil, mas com um volume de aproximadamente metade das vendas internacionais domésticas. O Congo, por enquanto, é visto como uma zebra.

Vanusia Nogueira - Do Brasil, a candidata indicada por entidades da cadeia produtiva ao governo, que fez a recomendação oficial à OIC, é Vanusia Nogueira, atual diretora executiva da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Durante a campanha para ter seu nome aprovado, a brasileira focará em quatro pilares: aperfeiçoamento da governança e da gestão de processos, estatísticas e inteligência de negócios, negociações comerciais e promoção do consumo global do café. É um trabalho que depende de aproximação com os demais membros da OIC para conquistar votos.

“Nossa candidata é ótima. Tem a vantagem de ser mulher e conhecer muito bem o mercado de café, além de ter muitos contatos no exterior”, considerou Farani, lembrando que o setor vem se empenhando em se adequar aos critérios de sustentabilidade, social e governança, conhecidos pela sigla em inglês ESG e que prevê, entre outros pontos, a inclusão de minorias em todos os cargos da instituição.

Além da BSCA, Vanusia é conselheira do Conselho Nacional do Café (CNC), da Rainforest Alliance e da Alliance for Coffee Excellence (ACE). Ela também é organizadora do principal concurso mundial de qualidade, o Cup of Excellence, e conselheira consultiva da Specialty Coffee Association (SCA). Filha e neta de produtores e comercializadores de café, a candidata brasileira é doutora em Administração, com ênfase em Marketing, pela Universidade Nacional de Rosario (Argentina). Formada em Tecnologia da Informação (TI) e Gestão pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), possui mestrados em Gestão e em Gestão Avançada de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), além de cursos internacionais nos Estados Unidos e na Alemanha.

O diretor-executivo não poderá mais se reeleger para o cargo. Até 2016, o mandato era de quatro anos, com possibilidade de recondução, mas foi estendido para cinco anos na gestão passada.

Contato: celia.froufe@estadao.com
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