Agronegócios
10/11/2020 10:42

IBGE/Alfredo Guedes: atraso no plantio da soja atrapalha 2ª safra de milho em 2021


Por Vinicius Neder

Rio, 10/11/2020 - A safra brasileira de soja que será colhida em 2021 deverá bater o recorde de 2020, consolidando o Brasil como maior produtor mundial do grão, mas um atraso no plantio, por causa da falta de chuvas, deverá atrapalhar a segunda safra de milho do próximo ano, que ainda não foi plantada, afirmou há pouco Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mais cedo, ao divulgar a edição de outubro do LSPA, o IBGE informou também o primeiro Prognóstico para a Safra Agrícola estimando, para 2021, uma produção total de 253,2 milhões de toneladas. O aumento será pequeno em relação a 2020, 0,5% acima, mas renovará o recorde, num movimento puxado pela soja, que deverá atingir uma produção recorde de 127,1 milhões de toneladas, 4,6% acima de 2020.

Guedes explicou que, mesmo com os atrasos no plantio, a produção de soja tem condições de recuperar o tempo perdido até a colheita, no primeiro semestre do ano que vem. Só que isso afetará a produção de milho porque, a segunda safra do cereal é plantada após a colheita da soja. Com o atraso no plantio da soja, a janela de plantio do milho de segunda safra fica “encurtada”, explicou Guedes. Por isso, o IBGE prevê queda de 5,4% na produção do milho de segunda safra em 2021, com 70,2 milhões de toneladas.

“A soja, este ano, atrasou mais ainda do que o plantio de 2019/20. Não tivemos chuva e o plantio atrasou bastante. A soja é bem provável que se recupere; o problema é o milho de 2ª safra e o algodão, que são plantados depois”, afirmou Guedes.

Segundo o pesquisador do IBGE, em Mato Grosso, onde a soja normalmente é plantada em setembro, chegou a haver de 20 a 30 dias de atraso. Mesmo assim, a produção nacional deverá crescer em 2021, com aumento de produtividade, por causa da safra do Rio Grande do Sul. Apesar do recorde de produção de soja em 2020, Guedes lembrou que houve perdas em torno de 10 milhões de toneladas entre os produtores gaúchos, por causa de uma severa seca no verão de 2019/20. O fenômeno não deverá se repetir no próximo verão, ao passo que a área plantada de soja deverá crescer 1,2% em todo o País, ainda segundo o prognóstico do IBGE.

Com o novo recorde de produção em 2021, o Brasil se consolida como o maior produtor global porque a safra dos Estados Unidos, que disputa com o País a posição, deverá ficar entre 122 milhões e 125 milhões de toneladas. A safra 2020/21 de soja no Brasil é normalmente comparada com a safra americana que está em fase final de colheita neste momento, antes do inverno no Hemisfério Norte, segundo Guedes.

Contato: vinicius.neder@estadao.com
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