Agronegócios
13/09/2017 11:39

J&F ingressou ontem com pedido de arbitragem para resolver conflito com o BNDES


São Paulo, 13/09/2017 - Sem saber do iminente pedido de prisão de Wesley Batista, a holding J&F já havia ingressado na noite de ontem, terça-feira, com pedido de arbitragem para tentar resolver o conflito entre o grupo e o BNDES. Dono de 21% das ações da JBS, o banco estatal manifesta há um mês intenção de tirar Wesley da presidência da companhia de alimentos, que é controlada pelos irmãos Batista.

Wesley foi preso preventivamente na manhã de hoje na Operação Acerto de Contas, a segunda fase da Tendão de Aquiles, que investiga se os irmãos Batista e a J&F. A suspeita é de que, sabendo que a revelação de suas delações provocaria abalo no mercado financeiro, os irmãos Batista lucraram com a compra de dólares no mercado futuro e com a venda de papéis da JBS.

O clima é de apreensão e profunda incerteza entre executivos e assessores da JBS, que ainda tentam se inteirar dos detalhes da operação e do que fazer agora que a companhia está sem dirigente. Até o momento, a JBS soltou apenas um fato relevante afirmando que ainda não havia tido acesso à íntegra da decisão e que manteria o mercado informado. Mesmo se a defesa de Wesley conseguir sua libertação, o BNDES ganhou força na briga e a permanência do empresário à frente do negócio parece ficar insustentável.

Há pouco, a Coluna do Broadcast informou que o Conselho de Administração da JBS vai se reunir hoje para escolher um substituto para a presidência da companhia após a prisão de Wesley Batista. Dentre os cotados, está Gilberto Tomazoni, que ocupa atualmente a função de presidente global de operações da JBS e é uma das principais apostas do mercado. Falam ainda em José Batista Júnior, irmão mais velho de Wesley e Joesley e conhecido no mercado como "Júnior Friboi". Ele, porém, é tido como menos provável, uma vez que também é da família. Os nomes de Gilberto Xandó, que era diretor presidente da Vigor e foi nomeado em junho para o conselho de administração da JBS, e de André Nogueira, ex-Banco do Brasil e que toca as operações da JBS nos EUA, também foram mencionados.

O irmão de Wesley, Joesley Batista, entregou-se no domingo, após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar sua prisão temporária diante de indícios de que cometeu omissões em sua delação. Joesley não exercia mais cargos na JBS, mas era presidente da J&F e mantinha atuação de destaque na negociação de ativos do conglomerado e em decisões estratégicas do grupo.

Com Joesley afastado, o plano era que Wesley passasse a concentrar as decisões. Agora, não se sabe quem tomará as rédeas do conglomerado, tampouco da multinacional de alimentos. Com a prisão, as ações da JBS começaram o dia em queda.

Os irmãos costumavam dizer que partiram para a delação premiada diante do temor de que fossem presos e de que a empresa, como consequência, fosse à bancarrota.

Nos últimos meses, Joesley e Wesley correram para garantir que a JBS, abalada pela revelação dos crimes cometidos pelos irmãos, ficasse de pé. Firmaram um acordo com bancos para a rolagem de mais de R$ 20 bilhões em dívidas e iniciaram a venda em massa de ativos do conglomerado. Alpargatas, Vigor e Eldorado foram passadas à frente. Na JBS, o plano é vender negócios para levantar R$ 6 bilhões. Já foram vendidas a JBS Mercosul, a fatia da Vigor e a Moy Park, cujo controle foi transferido para outra empresa da própria JBS, a americana Pilgrim's Pride. (Renata Agostini e Cátia Luz)
Para ver esta notícia sem o delay assine o Broadcast Agro e veja todos os conteúdos em tempo real.

Copyright © 2024 - Todos os direitos reservados para o Grupo Estado.

As notícias e cotações deste site possuem delay de 15 minutos.
Termos de uso