Agronegócios
25/02/2019 18:59

ECB Group investe US$ 800 mi em combustíveis renováveis de segunda geração no Paraguai


São Paulo, 25/02/2019 - A holding do setor de agroenergia ECB Group assinou nesta segunda-feira memorando de entendimento com o governo do Paraguai para construir a primeira planta de combustíveis renováveis de segunda geração do Hemisfério Sul no país. O complexo, denominado Ômega Green, terá investimento de US$ 800 milhões. Serão produzidos na unidade green diesel ou diesel renovável (Hydrotreated Vegetable Oil, HVO) e green jet ou querosene renovável (Synthetic Paraffinic Kerosene, SPK). A construção está prevista para iniciar no começo do ano que vem. "Estamos estudando outros investimentos, mas o nosso foco agora está nesse projeto, que nos coloca em uma nova categoria de biocombustíveis avançados", disse o presidente do ECB Group, Erasmo Carlos Battistella, ao Broadcast Agro.

Segundo Battistella, nos próximos nove a dez meses será desenvolvido o projeto executivo de engenharia do complexo para depois iniciar a construção. "Nós temos três grandes fornecedores de tecnologia. Temos um fornecedor para a tecnologia de processamento da soja, outro para a tecnologia de hidrogênio azul, produzido a base de água utilizando eletrólise, e um terceiro para a tecnologia que transforma o óleo vegetal e as gorduras nos biocombustíveis avançados", disse o empresário. "A integração dessas três tecnologias precisa ser muito bem dimensionada porque isso ajuda a reduzir o custo de capex do investimento e a nos tornarmos mais competitivos na operação."

A intenção é começar a produzir no primeiro trimestre de 2022, segundo o executivo. "Vai coincidir com a colheita da safra de soja", apontou. Segundo ele, o complexo deverá consumir 2 milhões de toneladas da oleaginosa por ano, o equivalente a 20% da produção do Paraguai. "O país exporta mais de 50% da soja em grão. Então há disponibilidade no Paraguai e existe perspectiva de crescimento de produção. O governo está incentivando o aumento de produção com a expansão da fronteira agrícola da soja." A produção no complexo terá como insumos óleo de soja, gordura animal reaproveitada, óleo de cozinha reciclado e hidrogênio obtido por meio da eletrólise da água, e não a partir de gás natural, o que torna a produção mais sustentável, de acordo com o empresário. O complexo também será alimentado por energia de fontes renováveis.

Conforme Battistela, os combustíveis renováveis de segunda geração são complementares ao biodiesel. Battistella é presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) e um dos maiores produtores de biodiesel no Brasil. No portfólio do ECB Group, está a RP Bio, detentora de participação na joint venture BSBIOS, em parceria com a Petrobras. "Hoje no Brasil a gente produz biodiesel, que é um biocombustível importante. No Paraguai vamos produzir biocombustíveis avançados, que vão complementar a utilização dos biocombustíveis de primeira geração", afirmou. "Acreditamos que o biodiesel vai continuar crescendo, e o green diesel e o biojet têm outro caminho. Não são conflitantes."

O complexo terá capacidade de produção diária de até 16.500 barris de diesel e querosene renováveis, volume suficiente para atender mais de um terço do consumo paraguaio de diesel fóssil. A maior parte dessa produção será voltada à exportação para países signatários do Acordo de Paris, que precisam acelerar a redução das emissões de gases de efeito estufa por meio da substituição dos derivados de petróleo. "A tecnologia é consolidada, mas nós não temos produção abaixo da Linha do Equador, por isso o projeto é inovador", apontou.

O financiamento do projeto deve vir de três origens: uma parte de linhas de financiamento bancário de longo prazo para investimento em infraestrutura, uma segunda parte de recursos próprios e uma parte de parceiros. "Estamos conversando com fundos que demonstraram grande interesse em serem parceiros nesse projeto", disse o executivo.

Segundo Battistela, a escolha pelo Paraguai para o novo investimento atendeu a vários critérios. "É um país que tem criado ambiente favorável para receber novos investimentos", disse Battistela. Ele destacou disponibilidade de matéria-prima e energia elétrica. "Além disso, o Paraguai é um dos países que têm menor carga tributária, e a logística através da hidrovia do rio Paraguai é muito competitiva para exportarmos." (Leticia Pakulski - leticia.pakulski@estadao.com)
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