Agronegócios
05/05/2021 08:27

Soja: Brasil recupera atraso na exportação com resultado de abril e pode embarcar 15 milhões de t em maio


Por Leticia Pakulski (colaborou Lorenna Rodrigues)

São Paulo, 05/05/2021 - A aceleração dos embarques de soja após os atrasos iniciais da colheita levou o Brasil a um recorde de exportação em abril e permitiu ao País superar, no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, o total enviado ao exterior em igual período do ano passado - até então, no acumulado de 2021 as exportações estavam abaixo de 2020. A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) relatou segunda-feira (3) 17,4 milhões de toneladas exportadas, aumento de 17% ante 14,9 milhões de toneladas registradas há um ano. Para o mês de maio, analistas veem embarques ainda aquecidos do País, de até 15 milhões de toneladas. Se o número se confirmar, pode representar um recorde para o mês, superando os 14,1 milhões de toneladas de maio do ano passado, conforme dados da Secex.

O número de exportação de abril refletiu o escoamento de volumes que ainda estavam represados com os atrasos nos embarques no começo do ano. "Com bastante soja disponível para embarques, isso fez com que o Brasil atingisse um recorde", afirma o analista Ismael Menezes, da MD Commodities. A colheita do País atrasou em virtude de a soja ter sido plantada mais tarde após chuvas irregulares no começo da temporada e do excesso de chuvas no período de retirada dos grãos no campo. Segundo Menezes, em virtude desse atraso na colheita, a quantidade de soja que efetivamente chegou aos portos brasileiros, principalmente em janeiro e fevereiro, foi menor do que a programação de embarques que havia sido preparada pelas tradings, porém, a partir de março a situação começou a se normalizar. "Março foi forte, em abril saiu novamente um volume bastante robusto e acreditamos que em maio os embarques também terão boa performance", projeta. Para este mês, o analista prevê que as exportações do País podem ficar próximas de 14,5 milhões a 15 milhões de toneladas.

Menezes salienta ainda que, com o resultado de abril, o País atingiu recorde de embarques também para os quatro primeiros meses do ano. "Estamos recuperando o atraso que tivemos no início." No primeiro quadrimestre, o País exportou 33,6 milhões de toneladas, somando os dados divulgados ontem pela Secex com os números consolidados do Sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat) até março. O total é 5% maior do que o observado em igual intervalo de 2020 (31,9 milhões de toneladas, também conforme o Agrostat).

Conforme o analista, já há soja comercializada para exportação em volume suficiente para cumprir embarques previstos pelo menos até junho. "O Brasil está mais competitivo do que os EUA e tem volume para ser exportado, então continuaremos bastante fortes principalmente até setembro, antes da entrada da safra norte-americana. A Argentina vem sendo mais competitiva do que o Brasil, mas não tem soja suficiente para suprir o grande volume da demanda mundial", afirma. Aproveitando os preços elevados recentes, produtor brasileiro continua vendendo soja, ainda que dosando a quantidade. "Tem bastante volume vendido, mas o Brasil continua comercializando, de pouco em pouco, até mesmo para aproveitar, não vender tudo de uma vez", afirma o analista.

Segundo a analista Ana Luiza Lodi, da StoneX, os embarques de abril refletem o fato de que já havia muitos navios no line up aguardando para embarcar, mas também a demanda aquecida por soja brasileira. "Março já foi um mês muito forte mesmo com os atrasos na colheita. A demanda pela soja brasileira está forte e já tínhamos vários navios agendados, esperando para carregar." A analista pondera, contudo, que os números divulgados no começo do mês são preliminares e ainda podem sofrer ajustes. O dado consolidado de exportação deve ser publicado em até cinco dias úteis. Em abril do ano passado, o acumulado divulgado no começo de maio apontava embarques de 16,3 milhões de toneladas em abril, mas, na apresentação do número final, a exportação do País acabou revisada para 14,9 milhões de toneladas.

Conforme a analista, a maior parte do volume embarcado no mês passado provavelmente corresponde a soja que já havia sido negociada antecipadamente, uma vez que a comercialização no País tem avançado de forma mais lenta. "As vendas estão um pouco mais fracas nos últimos meses, mas, considerando a perspectiva de demanda aquecida, acima da produção mundial, devemos continuar, sim, tendo procura pela soja brasileira", afirma. Até 15 de abril, 69% da safra 2020/21 do Brasil estava vendida, aumento de 3 pontos porcentuais ante o mês anterior, segundo a consultoria.

Para os embarques de maio, Ana Luiza ressalta que já no fim de abril estavam previstos 10 milhões de toneladas e que este volume ainda pode crescer. "Este é o período em que sazonalmente nossa soja é competitiva. Os EUA estão em uma situação de estoques baixos, e a Argentina, que já exporta pouca soja em grão, teve quebra de safra, então a perspectiva é que consigamos exportar bastante no mês de maio." Ontem, a consultoria elevou a previsão de exportação do Brasil na temporada 2020/21 de 82 milhões para 85 milhões de toneladas.

Em coletiva realizada ontem, o diretor do subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, destacou que os embarques de soja impulsionaram o recorde de exportações registrado pelo Brasil em abril. O produto respondeu por 27,1% de todas as exportações do mês passado. Brandão assinalou ainda o aumento no preço do produto exportado. O preço médio pago por tonelada de soja, de US$ 414,10, aumentou 22% em relação aos US$ 338,70/tonelada de abril do ano passado. "Há demanda mundial aquecida por produtos brasileiros no contexto de recuperação econômica em países como China, da União Europeia e Estados Unidos", afirmou.

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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