Agronegócios
20/05/2020 17:07

Insper Agro/Jank: EUA e China estão longe de cumprir de acordo; definição virá pós eleição


Por Leticia Pakulski

São Paulo, 20/05/2020 - Estados Unidos e China estão “muito longe” de cumprir as metas de compras chinesas de produtos agropecuários norte-americanos do primeiro ano da fase 1 do acordo comercial, disse o professor e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, em live promovida pelo Itaú BBA. “Os norte-americanos teriam que passar este ano de US$ 16 bilhões para US$ 36 bilhões (em exportações de produtos agropecuários para a China). Até aqui ainda estão perto de US$ 5 bilhões”, disse. “Estão muito longe de cumprir a meta este ano, porque a própria covid-19 reduziu o apetite da China - o país ficou fechado durante alguns meses, agora que vai voltar - e também porque eles (China e EUA) não se estenderam até agora.”

Segundo Jank, o acordo firmado em janeiro foi pensado para agradar produtores do Meio-Oeste norte-americano prejudicados pela guerra comercial e que apoiaram o presidente Donald Trump na última eleição presidencial. “Foi feita aquela cena em janeiro, e agora, alguns meses depois, a gente vê que não vai conseguir cumprir de jeito nenhum e na verdade só vamos saber o futuro desse acordo depois das eleições no final do ano nos EUA”, disse Jank. “Se Trump ganhar, a chance de esse acordo avançar é maior." Mesmo se Trump perder, avalia Jank, os Democratas devem buscar "algum tipo de acordo” com o país asiático.

Entretanto, conforme o professor, o Brasil não pode aceitar uma relação de comércio administrado entre os dois países. “Se isso é feito em detrimento dos outros, isso quer dizer que nós podemos ser os mais competitivos do mundo em grãos, algodão etc, mas, se China e EUA se acertam lá na frente num grande acordo que cria o comércio preferencial entre eles, nós vamos ser deslocados apesar da nossa competitividade. A gente tem que brigar para que existam regras multilaterais.”

Jank reforçou, ainda, a necessidade de o Brasil manter boas relações com a China. “Não faz o menor sentido você ficar provocando a China. Diversos líderes agrícolas têm falado isso, eu tenho falado isso o tempo inteiro”, disse. “A China compra 1/3 do que a gente exporta em agro. É o nosso mercado mais dinâmico neste momento, é o país que se recuperou mais rápido.”

Contato: leticia.pakulski@estadao.com
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