Agronegócios
17/05/2022 10:29

M. Dias Branco/Theodozio: preço do trigo continua subindo; devemos fazer repasses graduais


Por Isadora Duarte

São Paulo, 13/05/2022 - A M. Dias Branco, líder nacional em massas e biscoitos, tende a fazer novos repasses de preços ao valor final de seus produtos, em meio ao aumento contínuo do trigo. A informação é do vice-presidente de Investimentos e Controladoria da empresa, Gustavo Theodozio. "O preço do trigo continua subindo em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia. A tendência é fazermos repasses ao preço final dos produtos em fases, por região, canal, categoria. No momento, estamos conseguindo repassar os preços e vender um mix melhor", disse Theodozio, em entrevista exclusiva ao Broadcast Agro. "Devemos continuar precificando. A diferença é que hoje conseguimos fazer isso sem grande ruptura. Em vez de aumentar em dois dígitos, conseguimos repassar pouco por mês", afirmou o executivo.

Segundo Theodozio, o aumento do custo do trigo adquirido é o principal reflexo da guerra no Leste Europeu sentido pela companhia, que não compra cereal dos países daquela região. "A não exposição aos países dessa região não elimina os problemas de custo, mas não vemos pico grande no mercado. A tendência é de que preços internacionais do trigo continuem subindo devagarzinho", apontou.

Theodozio destaca que a M. Dias adota política de estocagem, redução de embalagens e mix com produtos de maior valor agregado para enfrentar momento de custos elevados. "Lançamos mão também de alavancas de controles dos custos como a nossa capacidade de estocagem que é grande, equivalente a quatro meses de consumo, e política de proteção de preços (hedge do câmbio e das commodities). São instrumentos que têm funcionado bem", disse Theodozio.

Apesar dos impactos no custo da sua principal matéria-prima, a M. Dias Branco não enxerga risco de desabastecimento no mercado de trigo. "A Rússia teve um clima bom e vai produzir mais na safra 2022/23, o que ajuda a aliviar o aperto da oferta. O Brasil também deve produzir recorde de 8,5 milhões de toneladas. Isso ajuda a contrabalançar o problema da guerra", afirmou Theodozio.

O diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da empresa, Fábio Cefaly ressaltou que até o momento a companhia não enfrentou nenhum problema quanto à disponibilidade de cereal no mercado. "Existe a expectativa de crescimento importante da safra do Brasil e da própria Rússia. Não vemos problema de oferta e nem de falta de trigo no mercado. A questão que tem de ser endereçada é o custo, o que vamos fazer com o processo de reajuste gradual de preço", disse Cefaly. Ele acrescenta que neste cenário instável, a empresa também adota política de hedge para se proteger da volatilidade cambial, além da volatilidade da commodity. "Conseguimos aproveitar bem momento de dólar abaixo de R$ 5 para montar posições nos próximos meses. O cenário de câmbio está melhor do que foi previsto e o impacto do dólar nos custos da empresa está menor do que no ano passado", afirmou.

Para Theodozio, apesar da guerra, o otimismo ainda é predominante para o desempenho da empresa ao longo do ano. "Olhando os dados de abril e maio, companhia deve continuar forte tanto em volume quanto em preços. Estamos super otimistas em relação ao ano, mesmo com a guerra. Hoje, a companhia muito mais preparada para conviver com este momento adverso", pontuou.

Contato: isadora.duarte@estadao.com
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