Soberania, my friend

Governo reage a uma crise diplomática com linguagem de memes para criar engajamento nas redes sociais

16 de julho de 2025

Por Gabriel de Sousa

Enquanto a equipe econômica e os setores produtivos roem unhas com os impactos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros para compras pelos Estados Unidos, o governo federal faz marketing de ocasião, reagindo a uma crise diplomática com linguagem de memes, e aproveita uma boa oportunidade para criar engajamento em suas redes sociais.

O governo americano anunciou que o Pix está no rol das investigações sobre supostas práticas comerciais desleais do Brasil e o governo federal resolveu mandar um recado bilíngue: “O Pix é nosso, my friend”. Já a desconfiança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi resumida pela equipe de Comunicação do Planalto como um “ciúme danado”.

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) tem um vasto horizonte para conseguir engajamento para o presidente Lula ao assumir um posicionamento de defesa do Pix. Diferentemente dos programas deste governo, a transação bancária é usada por todos, esquerdistas, direitistas, pobres, ricos e integrantes da classe média, público que o PT sonha em (re)conquistar em 2026.

Diante da crise de popularidade que ameaça os planos de Lula na corrida eleitoral do ano que vem, o petista agora tem um alvo dos EUA que pode unir a população em um posicionamento anti-Trump e (imagina-se), consequentemente, pró-Lula.

Mas as sensações de tranquilidade e sarcasmo transpassados pela Comunicação não são as mesmas sentidas em Brasília. Desde o anúncio de aumento das tarifas feitas por Trump, o clima é de tensão e desconfiança sobre quais serão os próximos passos. Liderados pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o Executivo promete convencer o republicano de que aquele país também sentirá o golpe da nova barreira comercial.

O tempo é curto e os setores produtivos pressionam por um desfecho que não os impactem.