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Só os árabes salvam

Esses investidores parecem exercer um fascínio mítico sobre negócios brasileiros, e não são poucos

18 de novembro de 2025

Por Alexandre Rocha

O dinheiro dos xeques árabes exerce fascínio mítico no Brasil, quase como um conto das Mil e Uma Noites. Sob essa aura de abundância, não são poucos os exemplos de negócios por aqui que apresentam investidores árabes como tábua de salvação. Segundo fontes que vivem em Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e que acompanham a movimentação de empresários brasileiros por lá, essa é a visão de parte dos que buscam investimentos na região.

O exemplo mais recente é o do banco Master. Na segunda-feira, a holding Fictor anunciou proposta para a compra do banco junto com um consórcio não identificado de investidores dos Emirados Árabes Unidos. Poucas horas depois, a Polícia Federal prendeu o dono do Master, Daniel Vorcaro, no âmbito de uma investigação sobre supostas fraudes em operações com o BRB, e o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial da instituição, na prática enterrando a proposta da Fictor, que confirmou a suspensão da oferta.

Em outro episódio recente, a Oncoclínicas desistiu de realizar novos investimentos em uma joint venture que havia firmado com o grupo Al Faisaliah para a construção de clínicas oncológicas na Arábia Saudita. Já a Ambipar, que se estabeleceu em Abu Dhabi apostando forte na região, está em recuperação judicial.

No início do ano, o empresário Eike Batista anunciou o projeto de produção de uma “supercana”, com investimento de um fundo chamado Abu Dhabi Investment Group (Adig), por meio do Brasilinvest, de Mário Garnero.

Mas, até por causa de negócios com Eike no passado, quem tem bolso muito fundo na região – os fundos soberanos – está de olho aberto. A Mubadala, de Abu Dhabi, investiu pesado com o empresário lá atrás, e com a derrocada do grupo EBX, acabou ficando com parte das operações.

Uma fonte com conhecimento do tema ressalta que, após esse trauma, fundos soberanos dos Emirados se blindaram de aventuras. De acordo com esta fonte, tais fundos não são otários, têm brasileiros nas diretorias de crédito e são cuidadosos nas relações com entidades financeiras suspeitas. Ou seja, não é a panaceia em que se acredita por aqui.

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