Essa é aquela pergunta para a qual, assim como no caso de Odete Roitman, há vários suspeitos
Por Eduardo Laguna
“Quem matou Odete Roitman?” é a pergunta que volta a intrigar fãs de novela 37 anos após a primeira versão de Vale Tudo terminar com a revelação de que Leila assassinou a vilã mais famosa da teledramaturgia brasileira. Na indústria automotiva, a “morte” de uma montadora também é um mistério que voltou a render discussões com a inauguração da fábrica da BYD em Camaçari, na Bahia.
Lá funcionava uma das unidades que, quatro anos atrás, foi fechada quando a Ford decidiu parar de produzir no Brasil. “Quem matou a Ford?” é uma pergunta para a qual, assim como no caso de Odete Roitman, há vários suspeitos.
Só que, com a passagem da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a festa da BYD na última quinta-feira, os dedos foram apontados ao maior adversário político: o ex-presidente Jair Bolsonaro. A Ford deu good bye ao Brasil durante o governo Bolsonaro, porém, porque não aguentava mais acumular sucessivos anos de prejuízo, inclusive em governos petistas.
Ainda assim, veio a calhar nos discursos feitos por aliados de Lula na inauguração da BYD o fato de a fábrica ter renascido com a volta do petista, que trabalhou para que a manutenção de benefícios tributários assegurasse o investimento chinês.
Um dos primeiros a falar na cerimônia de inauguração da BYD, o prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano, que é do PT, lembrou que o governo anterior não moveu uma palha para segurar a Ford. Foi a deixa para, na sequência, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, dizer que os deputados que, um dia antes, derrubaram a medida provisória alternativa ao IOF foram os mesmos que comemoraram o fechamento da Ford.
“A mesma turma que votou ontem na Câmara dos Deputados contra o Brasil é aquela turma que comemorou silenciosamente o fechamento da Ford”, declarou Costa. Assim, mesmo anos depois de deixar o local, a Ford parece seguir presente, como um fantasma que ronda pelas linhas de montagem em Camaçari.
