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Levantamento de juros

Powell compara rotina de exercícios à política monetária, enquanto Trump eleva a pressão por corte de juros

25 de abril de 2025

Por Isabella Pugliese Vellani e Pedro Lima

Na semana passada, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), compartilhou com naturalidade sua rotina de academia “para ficar em forma”, uma sutil analogia entre condicionamento físico e disciplina monetária. Powell se junta a Christine Lagarde, chefe do Banco Central Europeu (BCE), no seleto grupo de atletas que comandam a autoridade monetária ao redor do globo.

Enquanto Powell treina para manter o fôlego, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segue firme no papel de personal trainer impaciente. Nas últimas semanas, vem aumentando a carga dos pesos — e da pressão !!! — sobre o presidente do Fed, numa corrida nada silenciosa para forçar uma redução na taxa de juros americana. “Se eu quiser tirá-lo, ele sairá bem rápido”, disparou o republicano, como quem ensaia uma tacada certeira no golfe, esporte que domina com mais entusiasmo do que a diplomacia econômica.

A tentativa de um hole in one para remover Powell, entretanto, foi logo rebatida, pelo próprio Trump, após o mal-estar provocado nos mercados financeiros. “Não tenho intenção de demitir Powell. Achamos que é o momento perfeito para reduzir juros. Queremos ver nosso presidente [do Fed] chegar cedo ou na hora certa, em vez de atrasado”, disse o líder americano, tentando amenizar o barulho das arquibancadas de Wall Street.

Não satisfeito com a disputa, Trump acusou Powell até de favoritismo político, sugerindo que, ao cortar juros durante o período eleitoral, o presidente do Fed teria ajudado o que chamou de “sonolento Joe Biden”. A tentativa de enquadrar Powell por “doping monetário” parece, por ora, suspensa, mas o jogo continua.

Às avessas

Enquanto isso, o segundo da linha de comando de Trump não parece tão à vontade nos campos do esporte. Na semana passada, em evento que deveria ser apenas protocolar de recepção aos campeões da liga universitária de futebol americano, o Ohio State Buckeyes, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, protagonizou um momento que misturou comédia e tragédia.

Ao receber os atletas, Vance, num gesto de entusiasmo, acabou quebrando o troféu campeão. Tentou, em vão, evitar que uma parte da peça caísse no chão, mas a base do troféu descolou, e para a foto, restou apenas a parte metálica do prêmio. A cena aconteceu enquanto a marinha americana tocava a música “We Are The Champions”, do Queen.

No mundo do mercado financeiro, é comum ouvir falar do conceito de prêmio de risco. No entanto, na ocasião, o prêmio esteve mesmo foi “em risco”!

Trump assistiu a toda a cena apático, com a mesma normalidade”que classificou as grandes quedas nos índices de Nova York, na semana em que anunciou as tarifas recíprocas, como parte de sua política tarifária. Apesar de ser conhecido por suas reações imprevisíveis diante das câmeras, Trump, desta vez, optou apenas por esperar que a foto oficial fosse tirada.

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