IA para dar e vender

Titãs do setor financeiro vão usar agentes de IA, que criam sistemas que interagem sem intervenção humana

13 de junho de 2025

Por Matheus Piovesana

Como atrair a atenção do máximo de pessoas possível entre 58 mil delas e centenas de expositores? O Febraban Tech deu boas pistas: nos três dias do evento, realizado em São Paulo entre terça e quinta-feira, teve de tudo, de palestra com comediante famoso à distribuição de brindes como bolas de basquete, garrafas e copos Stanley. Vale tudo na economia da atenção.

Essa corrida se explica principalmente pelo público-alvo, que são os bancos. Pelos corredores da feira, circulam funcionários de diversos escalões das maiores instituições financeiras do País, e também das de médio porte. Todos em busca de bons contatos, mas também de produtos de tecnologia que ajudem a tornar as instituições em que trabalham mais eficientes.

Em 2025, a síntese disso foi a inteligência artificial. Os titãs do setor financeiro já estão relativamente avançados no uso da IA generativa, aquela que é o motor do ChatGPT, e que gera textos e imagens a partir dos comandos que o usuário dá. Agora, os bancos se preparam para a próxima etapa: o uso dos agentes de IA, que são ferramentas capazes de criar sistemas e plataformas interagindo entre si. Sem a intervenção humana.

Parece ficção científica, mas não é. O Bradesco, por exemplo, apresentou no evento o seguinte caso: cientistas de dados contratados pelo banco para refinar modelos de crédito, após terminarem o trabalho, pediram a agentes de IA para realizarem a mesma tarefa. Eles não só conseguiram, como levaram horas para terminar, e não meses.

Há uma série de situações em que essas ferramentas podem ser aplicadas, como na atualização de aplicativos, mas antes disso, os bancos terão de aportar alguns bilhões de reais em ferramentas. Poder de fogo para isso não falta, já que o setor estima que investirá R$ 48 bilhões em tecnologia neste ano. É de olho em um pedaço desta vistosa pizza que expositores de centenas de empresas levaram o Febraban Tech a bater mais um recorde neste ano – e provavelmente também em 2026.