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COP dos protestos

Diferentemente das outras três conferências, que impediam aglomerações, esta já cravou um marco

17 de novembro de 2025

Por Karla Spotorno, enviada especial a Belém

As lideranças da COP30 podem tentar gravar vários títulos para a conferência no Brasil. COP da implementação. Da verdade. Da adaptação climática.

Mas um título, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) já pode ostentar: A COP dos protestos. Depois de três conferências onde as restrições impediam grandes aglomerações ou, como em Baku, proibia protestos na rua, a COP30 já cravou um marco.

Todos os dias, dentro ou fora das grandes tendas montadas no novíssimo Parque da Cidade, em Belém, cidadãos de vários continentes se aglomeram. No primeiro dia da COP30, o movimento começou mais tímido, do lado de fora da zona azul -a área onde só entra quem tem a credencial da ONU.

No fim da tarde do segundo dia, um protesto deixou pessoas machucadas e gerou problemas para a presidência brasileira. Manifestantes circularam pelas redondezas das zonas verde e azul, onde chegaram a deteriorar parte pequena da estrutura logo na entrada.

O movimento resultou na montagem de um aparato forte de segurança e em um puxão de orelhas pela ONU. Em uma carta de três páginas, o secretário da UNFCCC (braço de clima da ONU), Simon Stiell, reclamou da ocorrência e disse que as forças de segurança brasileiras foram orientadas a não agir para conter manifestantes.

Na sexta-feira, mais um desafio. Agentes do Exército e polícias fecharam o portão principal da COP30 por causa de uma manifestação de um grupo do povo indígena Munduruku. Os indígenas foram ouvidos pelo presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e tudo se resolveu pacificamente.

No sábado, as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participaram da maior mobilização popular dessa COP. Milhares de pessoas caminharam por sete quilômetros das ruas da capital paraense para pedir mais ação. A manifestação não teve nenhum tipo de incidente. Segundo os organizadores, 30 mil pessoas participaram. A Polícia Militar informou que eram ao menos 20 mil.

Se os manifestantes vão conseguir acelerar a negociação sobre temas travados como financiamento climático, não há como saber. Mas certamente, eles já entraram para a história.

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