Como um jantar cantante no início da cúpula dos Brics no Rio de Janeiro virou uma dor de cabeça para o Brasil
10 de julho de 2025
Por Simone Cavalcanti
Quem diria que um encontro do Brics – acrônimo inicialmente virtual, mas que se tornou um bloco econômico com banco de financiamento e tudo o mais -, que começou com risos e alegria em um jantar cantante num antigo cinema de rua na zona Sul do Rio de Janeiro, o Cine Roxy, poderia virar uma baita dor de cabeça?
Quem diria que o acolhimento de questões de países-membros da aliança, como o Irã, inseridas em uma das declarações condenando ataques de Israel, incomodaria tanto?
Quem diria que a condenação aberta das tarifas impostas pelos Estados Unidos a seus parceiros comerciais de maneira, no mínimo, insolente poderia gerar uma resposta concreta (que aparenta ser mais raivosa)?
Pois bem, o imprevisível Donald Trump acusou o golpe. E, ao estilo do slogan esportivo no qual a melhor defesa é o ataque, ele desferiu: elevou de 10% para 50% a tarifa dos produtos brasileiros comprados pelos americanos. Com isso, o Brasil é um dos únicos (senão o único!) país que tem déficit comercial com os Estados Unidos e uma tarifa nesta altura.
Uma medida dessa magnitude não estava no radar do governo brasileiro naquela sexta-feira, 4 de julho, quando integrantes do governo se reuniram para celebrar o início do 10º Encontro Anual do Conselho de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês). O evento deu sequência ao encontro de cúpula dos Brics.
Ali era só alegria, com banda tocando de funk e forró a bossa nova e samba-enredo. Teve até espaço para cantoria onde a anfitriã do evento, a ex-presidente Dilma Rousseff, e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, uniram suas vozes.
A festa foi boa. Difícil mesmo foi acordar para o pesadelo.
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