Congresso contraria estatísticas do setor Agro onde 80% são homens e mostra força do empresariado feminino
Por Karla Spotorno
Um centro de exposições lotado por mulheres e seus chapéus, vestidos e saias de couro, botas. Milhares de brasileiras coloriram três pavilhões do centro de exposições Transamérica durante dois dias da semana passada. O 10º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio contrariou as estatísticas do setor -onde 80% são homens – e mostrou a força do empresariado feminino. E muito vocal!
Os temas na arena máster ou nos quatro palcos simultâneos iam de movimentos femininos dentro do mundo agro brasileiro à relação do bem-estar animal e rentabilidade nos negócios, do uso de biocombustíveis à sucessão e gestão empresarial. Entre os 31 expositores estavam bancos, multinacionais do setor agrícola, empresas de tecnologia voltada ao campo.
No Congresso, foi possível ver várias iniciativas de como elas se organizam num setor ainda misógino, como afirmou um dos poucos painelistas homens. Entre as palestrantes, estavam representantes do Movimento Agroligadas, da Comissão Semeadoras do Agro da Faesp, da Comissão das Mulheres da Sociedade Rural Brasileira (SRB), do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA).
Se a participação feminina ainda se limita a 20%, segundo o censo agropecuário mais recente, em um lugar, ela cresce a passos largos. O Congresso cresceu de 600 para 3.300 pessoas nesses dez anos completados na semana passada. E aí, uma curiosidade: contrariando também os usos e costumes do mundo dos negócios, havia mais banheiros para mulheres do que para homens. E, quase como uma demarcação simbólica de território, o toilette masculino mais próximo da grande plenária foi transformado em feminino.
