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Ouro em disparada

Alta recente foi impulsionada por mais apostas de que o banco central dos EUA fará três cortes nos juros até dezembro

8 de setembro de 2025

Por Fábio Alves
O preço do ouro registrou um novo recorde de fechamento na sexta-feira passada, com uma disparada que tem surpreendido até o mais otimista dos analistas. E a perspectiva é de novas máximas históricas na cotação do metal no curto prazo.
O ouro encerrou a semana passada cotado a US$ 3.653,60 por onça-troy na Comex, divisão de metais da bolsa de Nova York (Nymex), acumulando alta de 4% na semana. Em 2025 até a semana passada, o ganho acumulado do ouro é de mais de 38%. Essa alta fica ainda mais impressionante quando comparada com o desempenho do dólar: neste ano, até a última sexta-feira, 5, o índice DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, acumula queda de 9,90%.
A alta recente do ouro foi impulsionada pelo aumento das apostas de que o Federal Reserve (Fed) não somente irá cortar os juros em setembro, mas que até o fim do ano a redução total da taxa básica será de 0,75 ponto porcentual (três cortes, incluindo setembro). Essa precificação ganhou um reforço na sexta-feira, após a divulgação do relatório Payroll com a criação de apenas 22 mil vagas de trabalho em agosto, muito abaixo da expectativa dos analistas (de geração de 76 mil vagas), além da taxa de desemprego de 4,3%. De quebra, o yield do título do Tesouro americano de 10 anos cedeu para 4,088%, o que alimentou a demanda dos investidores por ouro.
“Dólar mais fraco e yields mais baixos [dos papéis do Tesouro americano] estão contribuindo para dar suporte às cotações do ouro”, explica o estrategista-chefe de mercado da corretora Bannockburn Capital Markets, Marc Chandler.
Já os analistas da consultoria Capital Economics dizem que há muitos fatores que ajudaram a levar a cotação do ouro para o recorde de alta, incluindo a maior expectativa de cortes de juros pelo Fed e também a maior preocupação por parte dos investidores quanto à situação fiscal de países desenvolvidos.
“E, diante de um cenário em que os bancos centrais são uma fonte consistente de demanda por ouro, esperamos que os preços do metal sigam subindo ao longo dos próximos dois anos”, escreveram Hamad Hussain e Megan Fisher, analistas da Capital Economics, em nota a clientes.

E os BCs?

Em 2024, pelo terceiro ano seguido, os bancos centrais mundiais compraram mais de 1 mil tonelada de ouro para as suas reservas, um quinto da produção global anual. No mesmo ano, o preço do ouro saltou 25,5%, enquanto o dólar ganhou 7,1%.
Em junho, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou um estudo mostrando que o ouro ultrapassou o euro como o segundo ativo de maior participação nas reservas dos bancos centrais, correspondendo a 20% do total global ao fim do ano passado, em comparação com 16% do euro e 46% do dólar.
Já a Capital Economics diz que o apetite por ouro pelos bancos centrais está por trás da grande valorização na cotação do metal nos últimos anos. Em relatório, os analistas da consultoria relatam que, conforme os dados mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), o BC da Polônia tem sido o maior comprador de ouro desde o início de 2024. Na semana passada, o presidente da autoridade monetária polonesa, Adam Glapinski, disse que pretende propor um aumento do ouro como participação das reservas internacionais do país dos atuais 20% para 30%. Atualmente, a Polônia detém 515 toneladas de ouro nas suas reservas.
No meio de todo esse otimismo, após as manchetes da imprensa com a nova cotação recorde, já há analistas falando no preço do ouro a US$ 4.000 a onça-troy. Na fotografia de hoje, quem se atreve a descartar tal cenário?

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