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29/05/2019 12:04

Construção de línguas: muito além de "Game of Thrones"


São Paulo, SP--(DINO - 29 mai, 2019) -
Chegou ao fim a série Game of Thrones, história que mobilizou uma legião de fãs ao redor do mundo. E, entre os inúmeros fatores que fizeram da história um sucesso, está a atenção aos detalhes, em especial um que chamou bastante a atenção do público: a criação de um idioma próprio, as línguas Valeryan e Dothraki.


O assunto, no entanto, não é novidade: o interesse por uma “língua perfeita”, as chamadas línguas criativas (ou línguas artificiais) existe desde a Grécia antiga, e têm se tornado cada vez mais popular. O klingon, por exemplo, idioma de Jornada nas Estrelas, é hoje falado por cerca de 2.5 mil fãs da série, que usam o idioma para reforçar sua identidade como integrantes do grupo.


Isso porque as línguas construídas não são somente estratégias para dar realismo à ficção. Temos como exemplo o esperanto, a língua artificial mais falada no mundo, que foi criada com o objetivo de ser um idioma de mais fácil aprendizagem, que servisse como língua franca para toda a população.


E tudo indica que o número de línguas que vêm sendo criadas de dois séculos pra cá cresceu vertiginosamente. O Facebook, por exemplo, reúne grupos com milhares de construtores de línguas, conhecidos como conlangers. “Existem inúmeras línguas sendo construídas para os mais diversos fins. Há quem as crie para filosofar, para criar culturas de povos fictícios, além de muitos outros fins. Os resultados são surpreendentes!”, diz Rodrigo Solano, especialista em Marketing Internacional e em Semiótica Psicanalista, que desenvolveu um estudo sobre a construção de uma língua e seus impactos no pensamento humano.


O próprio Solano, que também é membro da Sociedade de Criação de Línguas nos dos EUA (Language Creation Society) construiu uma linguagem própria, o Allamej, ou o “alamês”. “O alamês é uma língua que mistura raízes estruturais e de palavras de dezenas de línguas espalhadas pelo mundo todo. Sua criação pode ser interpretada como uma expressão artística contra a segregação cultural”, explica.


E o que leva alguém a criar uma língua própria? “Criar línguas é simplesmente divertido. Psicanaliticamente, é uma maneira de canalizar a energia para algo positivo. É o que se chama de sublimação. O alamês, particularmente, me dá o prazer de analisar e repensar a realidade, principalmente no que tange a segregação e hostilidade entre grupos”, conta.


Para Isabel Jungk, Mestre em Comunicação e Semiótica e Doutora em Tecnologias da Inteligência e Design Digital na PUC-SP, a construção de línguas artificiais, que aspiram à perfeição sob diversas perspectivas, constituem um antigo anseio da humanidade. “Talvez seja no campo da arte em que elas têm sido mais profícuas, desafiando velhas práticas e despertando-nos para novas formas de sentir, perceber e compreender a realidade”, diz.


Aonde essas linguagens artificiais podem nos levar é uma incógnita, mas, para Solano, “podemos estar diante de um fenômeno importante para a humanidade, ou no mínimo da multiplicação de uma nova forma de arte”.


O impacto das línguas construídas, no entanto, já podem ser sentidos. Um aplicativo que ensina idiomas por meio de exercícios em formato de jogos, por exemplo, lançou um curso gratuito de alto valiriano, a linguagem que encantou os fãs de Game of Thrones.


“O resto, só o futuro poderá dizer”, diz Solano. E, ao que tudo indica, em muitas mais línguas.


 



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