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Raízen segue abaixo de R$ 1 pelo 10º pregão, sob risco de ser classificada como penny stock

17 de outubro de 2025

Por Amélia Alves

São Paulo, 17/10/2025 – No menor nível de preço desde a abertura de capital, em agosto de 2021, os papéis da Raízen inverteram o sinal negativo da primeira etapa do pregão desta sexta-feira, renovaram a máxima de R$ 0,90, com salto de 5,88%. O movimento, contudo, ainda não é forte o suficiente para levar a cotação do papel acima de R$ 1, nível que não alcança há dez pregões.

Se esse patamar de preço persistir por 30 pregões consecutivos, cresce o risco de o papel se tornar uma penny stock, ou seja, ações negociadas a preço de centavos. Essa condição pode inclusive levar a Raízen a ser alvo de restrições da B3 e ser excluída de índices como o Ibovespa.

Para o sócio da L4 Capital, Hugo Queiroz, a estrutura de capital desbalanceada pode levar o papel a essa classificação. “O cenário de dívida vai ficar difícil por um tempo longo”, diz.

O sócio da Fatorial Investimentos, Fábio Lemos, segue a mesma linha. Segundo ele, a ação da Raízen está “extremamente pressionada” pelo endividamento com margens apertadas, que dificultam ainda mais a geração de receitas.

Na avaliação do analista, Raízen precisa desalavancar para ter algum gatilho. A alta de hoje pode estar sendo influenciada pelo vencimento do exercício de opções sobre ações e pela cobertura de posições vendidas. “Hoje, Raízen deveria cair por fundamento, mas o vencimento de opção sobre ações influencia”, diz.

Em relatório, o JPMorgan reconhece que Raízen está entre as empresas com mais de 20% de ações alugadas, o que indica pressão de venda relevante no curto prazo e aumenta o risco de “short squeeze” – termo em inglês que indica um desmonte forçado de posições vendidas.

Ou seja, se houver um movimento positivo no preço ou notícias favoráveis, os vendidos podem ser forçados a recomprar ações, impulsionando a cotação rapidamente. O banco americano, por sua vez, continua vendo a ação como “boa oportunidade”, mesmo com o ambiente de volatilidade e “short interest” elevado.

Impasse

Na sexta-feira passada, a Raízen negou que estaria considerando qualquer forma de reestruturação de dívida ou pedido de recuperação judicial ou extrajudicial. A companhia ressaltou, por meio de fato relevante, que mantém posição robusta de caixa, com R$ 15,7 bilhões em disponibilidades ao final do primeiro trimestre 2025-26 e R$ 5,5 bilhões (US$ 1,0 bilhão) em linhas comprometidas de crédito rotativo (RCF) disponíveis.

O posicionamento não empolgou o mercado. Em um mês, o papel acumula perdas de quase 35%, ampliando a queda para quase 60% no acumulado de 2025.

Como a Broadcast mostrou na semana passada, os bonds da companhia caíram a níveis que chamam a atenção dos investidores devido à percepção de que a empresa está queimando caixa rapidamente e de que o aporte de R$ 10 bilhões feito na controladora Cosan pode não ser suficiente para a empresa de energia renovável do grupo.

Contato: amelia.alves@estadao.com

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