Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Broadcast OTC
Plataforma para negociação de ativos
Broadcast Data Feed
APIs para integração de conteúdos e dados
Broadcast Ticker
Cotações e headlines de notícias
Broadcast Widgets
Componentes para conteúdos e funcionalidades
Broadcast Wallboard
Conteúdos e dados para displays e telas
Broadcast Curadoria
Curadoria de conteúdos noticiosos
Broadcast Quant
Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Soluções de Tecnologia
5 de novembro de 2025
Por André Marinho e Altamiro Silva Junior
São Paulo, 05/11/2025 – Os três maiores bancos privados brasileiros (Bradesco, Santander e Itaú Unibanco) lucraram R$ 22,090 bilhões no terceiro trimestre, quando a escalada da Selic a 15% impôs uma postura um pouco mais seletiva no crédito e penalizou principalmente a margem com mercado. Ainda assim, o resultado representou um crescimento de 13% ante igual período de 2024 e de 4% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.
O ambiente de restrição monetária também não provocou sobressaltos nas métricas de inadimplência, que seguiram estáveis pelos critérios de atrasos acima de 90 dias. O maior ruído nessa frente foi a menção a casos de clientes específicos que levaram a distorções no segmento de grandes empresas. No terceiro trimestre, os bancos provisionaram quase R$ 26 bilhões para eventuais calotes.
Nenhum dos bancos abriu os nomes, mas os alertas ocorrem em meio a dificuldades de alguns grupos empresariais em honrar compromissos, entre eles a Ambipar, que acabou pedindo recuperação judicial. De qualquer forma, os executivos das três instituições financeiras rechaçaram a tese de que o País enfrenta uma crise de crédito. O Itaú, em particular, esclareceu que a operação a que se referia tinha 10 anos, o que exclui a hipótese de ser um dos casos que emergiram nos últimos meses.
“Não vemos um cenário de ‘credit crunch‘, um evento bastante rigoroso de crédito. Temos visto sim que os indicadores na margem sugerem que com juros mais altos e alguns setores mais alavancados, há companhias com mais dificuldades que outras”, disse o CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, em coletiva de imprensa.
O maior banco privado do Brasil, aliás, reteve também o posto de mais lucrativo e rentável. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) ficou em 24%, considerando só a operação brasileira, bem à frente de Bradesco (14,7%) e Santander (17,5%). A qualidade de crédito foi outro destaque comparativo, com a inadimplência acima de 90 dias em 1,9% pelo terceiro trimestre consecutivo.
Sem muitas surpresas, o mercado reagiu em modo “buy the rumor, sell the fact” (“compre o rumor, venda o fato”, em tradução livre). A ação preferencial do Itaú, que vinha de uma sequência de recordes históricos, respondia em baixa de mais de 1% nesta terça-feira, 4.
Bradesco a caminho das metas
Dinâmica semelhante foi observada no Bradesco, que deu mais um passo em direção às metas do plano estratégico de cinco anos, mas também viu a ação cair após o balanço. O crescimento em base anual de 20% nas despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) expandidas, para R$ 8,56 bilhões, causou algum desconforto. O movimento foi atribuído a um cliente não especificado e aos efeitos da consolidação do Banco John Deere, focado no financiamento de maquinário agrícola.
Desconsiderado esses feitos, o Bank of America vê o Bradesco com contínua “geração sólida” de receitas. “Vemos espaço para a reavaliação das ações do Bradesco à medida que a rentabilidade continua a se aproximar dos níveis históricos”, comentaram os analistas do banco americano, que reiteraram a recomendação de “compra” do papel.
Segundo o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, a instituição financeira está cada vez mais próxima do ROE previsto no âmbito da reestruturação estratégica iniciada no começo do ano passado. A busca pela meta será ponderada com um apetite de risco comedido, frente ao panorama macro incerto. “Esse nível de taxa de juro aperta um pouco mais as empresas de médio porte, de pequeno porte, por isso que a gente está procurando estar em linhas colateralizadas”, afirmou.
Margem com mercado
Os juros nos maiores níveis em duas décadas também desafiaram o trabalho da tesouraria dos três bancos. No Santander, a margem financeira (NII) com mercado ficou negativa em R$ 1,3 bilhão, pior que o saldo negativo de R$ 730 milhões três meses antes. O número de dias úteis contribuiu, mas o CFO Gustavo Alejo avisou que o próximo trimestre também deve ser ruim e que uma melhora deve vir apenas em 2026.
O Itaú, por outro lado, disse que sua NII com mercado apresentou desempenho superior às expectativas, apesar da queda de 14,6% no confronto anual, para R$ 902 milhões. Assim, o banco decidiu elevar o guidance para 2025. “Nossos concorrentes mais próximos têm sofrido bastante na margem com o mercado, com a Selic. A gente não”, destacou à Broadcast o diretor de Estratégia Corporativa, Relações com Investidores e M&A Proprietário do Itaú Unibanco, Renato Lulia.
Contato: andre.marinho@estaao.com; altamiro.junior@estadao.com
Veja também