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Fontes: bonds 2054 da Raízen caem 30% em dois dias com preocupação com queima de caixa

10 de outubro de 2025

Por Cynthia Decloedt

São Paulo, 10/10/2025 – Os títulos de dívida emitidos no exterior (bonds) da Raízen começam a cair para patamares que chama a atenção dos investidores e as justificativas para o movimento são de percepção de que a empresa está queimando caixa rapidamente e de que o aporte de R$ 10 bilhões feita na Cosan pode não ser suficiente para a empresa de energia renovável do grupo.

Está precificado ainda nos papéis da Raízen uma aversão ao risco, como efeito de contaminação pelos problemas de Braskem, que estão com os preços dos bonds pressionados, assim como pela perspectiva de a Ambipar pedir recuperação judicial em breve. “A máxima ‘too big to fail’ talvez não seja mais verdadeira”, disse um operador desses papéis.

De acordo com fontes do mercado, o papel com vencimento em 2054 da Raízen caiu 20% em relação ao fechamento de ontem e 30% frente ao da quarta-feira, negociado há pouco a 62,875% do valor de face. Nesse preço, o retorno ao investidor supera 11%, o qual normalmente é oferecido por bonds que estão na categoria “distress”, ou seja, oferecem risco de calote, disse uma fonte.

Ao anunciar o aporte, a Cosan afirmou que os recursos não seriam direcionados para a Raízen. Mas o mercado especula que eventualmente a matriz possa injetar alguma liquidez na Raízen em meio a um queima de caixa acelerada e uma estrutura de dívida muito alavancada.

Os papéis da Braskem com vencimento em 2028, o próximo grande vencimento da empresa, opera nesta sexta-feira a 39% do valor de face, o que significa que os investidores percebem um risco de perderem 61% do que investiram nos papéis da companhia.

Já os bonds da Ambipar com vencimento em 2031 e 2033 não operam mais, com investidores na expectativa do anúncio da recuperação judicial que pode ser pedida a qualquer momento, conforme fontes próximas ao assunto. A última negociação com Ambipar foi a 13% do valor de face, implicando percepção dos investidores de perda de 87% do investido.

Contato: cynthia.decloedt@estadao.com

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