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15 de outubro de 2025
Por Aline Bronzati, enviada especial
Washington, 15/10/2025 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dedicou boa parte do seu posicionamento ao Comitê do Fundo Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês) para criticar os impactos globais causados pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Brasil foi um dos mais afetados pela nova política comercial da Casa Branca ao ter seus produtos taxados em 50%.
“A economia global está navegando em águas desconhecidas. Tensões comerciais desencadeadas por medidas unilaterais prejudicaram países com relações superavitárias e deficitárias, alimentando níveis recordes de incerteza”, avalia Haddad, em carta ao Comitê do Fundo por conta da reunião do IMFC, que acontece entre os dias 16 e 17 de outubro, durante os encontros anuais do organismo, em Washington.
De acordo com ele, as tarifas de Trump agravam um cenário desafiador, caracterizado por baixo crescimento, inflação persistente, taxas de juros mais altas por mais tempo e vulnerabilidades crescentes da dívida. Todas essas questões são agravadas pela iminente crise climática, diz o ministro.
“Uma drástica redução na ajuda ao desenvolvimento internacional e o aumento das restrições à migração são novos elementos que enfraquecem ainda mais as perspectivas de crescimento global”, avalia Haddad. Para ele, a remoção de restrições comerciais unilaterais e a restauração de estruturas previsíveis e baseadas em regras são essenciais para proteger o crescimento global.
Ele avalia ainda que grande parte da “aparente resiliência econômica” nos países de alta renda reflete uma antecipação temporária do comércio e do investimento, mascarando o arrasto subjacente da alta incerteza e das políticas restritivas de comércio e migração, que devem se tornar mais evidentes nos próximos meses. No entanto, os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento continuam sendo o principal motor do crescimento global, afirma.
“Os riscos estão inclinados para o lado negativo e os desafios estruturais podem aprofundar os desequilíbrios globais”, diz Haddad. “Populações envelhecidas, baixa produtividade, riscos climáticos e protecionismo crescente pesam fortemente sobre o potencial de produção global”, acrescenta.
Segundo Haddad, embora uma combinação diferente desses fatores afete países de alta, média e baixa renda, o governo brasileiro está particularmente preocupado com a possibilidade de aumento da desigualdade global. “Essas dinâmicas negativas correm o risco de corroer a convergência, deixando a economia global cada vez mais desigual”, avalia.
Nesse cenário, o ministro brasileiro defende ao Comitê do FMI que a política monetária deve permanecer “dependente de dados” e com uma comunicação “clara” para ancorar expectativas e manter a credibilidade. No lado fiscal, o ministro ecoa por uma “consolidação favorável ao crescimento”, baseada no aumento das receitas por meio da revisão de isenções fiscais ineficientes e regressivas e da tributação progressiva crescente de renda e riqueza. “Agora é a hora dos super-ricos pagarem sua parte justa dos impostos”, diz Haddad.
O texto assinado pelo ministro brasileiro representa o posicionamento de um grupo de países, conhecido como ‘constituency’ na linguagem do Fundo, e que é formado por Brasil, Cabo Verde, República Dominicana, Equador, Guiana, Haiti, Nicarágua, Panamá, Suriname, Timor-Leste e Trinidad e Tobago.
Contato: aline.bronzati@estadao.com
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