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FecomercioSP diz não enxergar ainda espaço para BC iniciar flexibilização da política monetária

3 de novembro de 2025

Por Francisco Carlos de Assis

São Paulo, 03/11/2025 – A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) acredita que, diante do cenário econômico, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central não tem escolha senão manter a taxa de juros no patamar atual. O colegiado realiza, nesta semana, sua penúltima reunião de 2025 para definir o próximo passo da taxa nominal de juro, que se encontra em 15% ao ano.

A entidade se baseia em alguns dados para sustentar sua posição. Um deles é a alta de 6,14% da inflação de serviços acumulada em 12 meses, impulsionada pelo aquecimento do mercado de trabalho. Esse movimento eleva a renda média das famílias e estimula o consumo.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou para 5,17% em 12 meses, mas segue acima do teto da meta, de 4,5%, observam os economistas da FecomercioSP. Para eles, a inflação ainda resistente não abre espaço para o Banco Central (BC) flexibilizar a política monetária.

“Além disso, a capacidade instalada da indústria está acima da média histórica: em setembro, ela ficou em 81%, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). É reflexo de uma economia rodando perto do limite, porque, nesse nível, qualquer aumento de demanda se transforma em inflação, e não em crescimento”, afirmam os analistas da FecomercioSP.

A política fiscal, que a entidade classifica de incerta, é outra coisa que joga contra a possibilidade de o BC começar a cortar juro por ora.

“A falta de um compromisso inequívoco do governo de controle dos gastos públicos, além das metas de resultados primários em questionamento, aumento de despesas obrigatórias e um orçamento de 2026 em total descrédito, o mercado não tem outra opção que não precificar esse risco. A taxa Selic é apenas reflexo disso”, avaliam os economistas da entidade.

Para a FecomercioSP, cortar os juros agora é bastante tentador, mas perigoso. Ainda que a inflação esteja caindo, diz, o núcleo do fenômeno segue elevado, além de todas as incertezas da conjuntura.

“Se não é uma decisão fácil, porque juros altos pesam no orçamento das famílias, travam a atividade econômica e pesam o crédito, por outro lado é apenas dessa forma que o Banco Central conseguirá colocar os preços nos trilhos novamente, mantendo-os dentro do intervalo da meta no futuro próximo. Essa é a prioridade agora”, pontuam os economistas da FecomercioSP.

Contato: francisco.assis@estadao.com

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