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Eurasia/Julia Thomson: Negociações Brasil e EUA ainda são incipientes e devem demorar meses

17 de outubro de 2025

Por Caroline Aragaki

São Paulo, 17/10/2025 – As negociações entre o Brasil e os Estados Unidos ainda são incipientes e devem demorar meses, apesar das recentes sinalizações positivas de diálogo, afirma a analista Julia Thomson, da Eurasia.

“As negociações serão difíceis. Apesar de todas as sinalizações positivas, ainda há um caminho difícil para chegar a um acordo. Inclusive na reunião entre o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, não foram publicados quais os temas tratados”, disse, em entrevista à Broadcast.

Para a Eurasia, além da discussão tarifária, devem entrar na negociação temas como os minerais críticos, a regulação de mídias sociais, e investimentos. Minerais críticos são de interesse dos EUA, que têm sofrido com as restrições que a China tem colocado para a exportação – tanto é que o presidente Donald Trump ameaçou novamente impor tarifas de 100%, acrescenta a analista.

Thomson relembra que o tema de minerais críticos já está em discussão há anos, desde antes do primeiro governo Donald Trump, e que mesmo assim Brasil e EUA não chegaram a um consenso. “A dificuldade deve continuar atualmente, pois o governo Lula demonstra interesse de que o processamento de minerais críticos ocorra dentro do Brasil, e não que a exploração de minerais seja feita via processamento nos EUA”, acrescenta.

A analista considera ainda que o governo Trump mudou sua estratégia depois de ver que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado mesmo após a aplicação de tarifas e sanções da Lei Magnitsky contra o Supremo Tribunal Federal (STF), sem evolução em aprovar uma anistia no Congresso.

A Eurasia considera que um eventual acordo entre Brasil e EUA seria positivo, mas não a ponto de definir as eleições de 2026. “Tem outros atores mais importantes, como inflação de alimentos, economia e segurança pública. Questões internacionais têm peso, mas não a ponto de mudar a eleição”, disse.

Por ora, a consultoria avalia que o presidente Lula tem uma aprovação alinhada com a reeleição – tendo popularidade fortalecida principalmente pela redução da inflação e pelo discurso de soberania nacional após tarifas -, mas destaca que é difícil dizer qual será o resultado de 2026, ainda mais sem saber qual será o grande nome da oposição.

Contato: caroline.aragaki@estadao.com

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