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BTG Pactual diz que GLP-1 redefine a biofarmacêutica; genéricos devem mudar paradigma

22 de outubro de 2025

Por Vinícius Novais*

São Paulo, 22/10/2025 – O avanço do GLP-1, medicamentos para diabetes e obesidade, é uma tendência definidora da biofarmacêutica, afirma o BTG Pactual. Os analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima lembram que a classe, criada para tratar diabetes tipo 2, hoje sustenta um mercado contra obesidade, síndrome metabólica e risco cardiovascular que já movimenta mais de US$ 30 bilhões em 2024, dez vezes o volume de 2020. A demanda global ainda supera a oferta, e, no Brasil, o segmento alcançou R$ 5 bilhões neste ano.

Na avaliação da casa, a disputa permanece concentrada em dois nomes. A Novo Nordisk viu a divisão de obesidade crescer mais de 150% no primeiro semestre de 2025, enquanto a Eli Lilly elevou a projeção de receita corporativa para US$ 60 a 62 bilhões graças a Mounjaro e Zepbound. Ambas correm para ampliar capacidade com novas plantas de envase e montagem de dispositivos. A Novo Nordisk investe em doses mais altas e formulação oral de semaglutida; a Lilly aposta em moléculas de última geração”, como orforglipron e retatrutida.

O BTG aponta que, por ora, o poder de preço se mantém, sustentado por marca e dados de benefícios cardiovasculares. Mas o banco projeta mudança quando patentes expirarem. A semaglutida perde exclusividade em países fora dos EUA a partir de 2026, enquanto grande parte dos mercados ocidentais só terá concorrência plena no início da década de 2030. Já a tirzepatida, base do Mounjaro, está protegida até cerca de 2036 nos Estados Unidos. A média histórica indica queda de preços de 50% a 60% dois anos após a chegada de genéricos; no Brasil, estudos do IPEA mostram recuo de 55 a 73%, dependendo da concentração de mercado.

Com base nesse histórico, o banco traça cenário de erosão líquida de 65% em preços cinco anos após a perda de exclusividade, compensada por alta de 90% no volume, resultando em receita 1,3 vez superior. O movimento deve ocorrer em duas ondas: primeiro fora dos EUA, a partir de 2026, e depois, com vigor maior, quando expirar a proteção nos principais mercados ocidentais.

As farmácias serão peças-chave nessa transição. Nos EUA, o reembolso atual mal cobre o custo de aquisição dos medicamentos de marca, e o BTG avalia que apenas novos serviços, como programas de adesão, treinamento de injeção, navegação de pré-autorização, que podem sustentar margens. Já em economias emergentes, a maior flexibilidade para fixar preços e a rápida aceitação dos genéricos tendem a elevar a rentabilidade do varejo. Para o Brasil, o banco projeta que a fase dos genéricos poderá transformar as lojas de centros comerciais em centros comunitários de cuidados metabólicos.

A estratégia recomendada pelo BTG divide-se em dois momentos. Nos próximos 12 a 24 meses, a preferência recai sobre inovadores e sobre fornecedores de cadeia de suprimento. Já no fim da década, o foco migra para produtores de biossimilares, laboratórios de mercados emergentes experientes em licitações e redes de farmácia capazes de monetizar serviços.

A Raia Drogasil surge como caso ilustrativo: o banco calcula que a entrada de genéricos de GLP-1 pode acrescentar cerca de 30% ao mercado brasileiro em 2026, com desconto médio de 40% frente ao produto de referência e crescimento de 50% no volume. Esse cenário, segundo o BTG, teria potencial de elevar as vendas mesmas lojas (SSS) da rede entre 80 e 130 pontos-base e acrescentar de 20 a 30 pontos-base à margem bruta. Para o banco, a habilidade está em sincronizar a transição da escassez para a economia de escala, resumindo o desafio que deve guiar investidores e operadores até a virada da década.

Contato: vinicius.novais@estadao.com

*Conteúdo elaborado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast

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