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Braço de emergências da Ambipar foi de listagem na Nyse ao chapter 11 em pouco mais de 2 anos

21 de outubro de 2025

Por Aline Bronzati, correspondente

Nova York, 21/10/2025 – A Ambipar Response, especializada em prevenção e gestão de acidentes industriais e ambientais, foi do auge à derrocada em Wall Street em pouco mais de dois anos. A empresa estreou na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) em março de 2023, com um plano ambicioso de crescimento para se tornar um importante concorrente local nos Estados Unidos. Suas ações chegaram a ser cotadas em quase US$ 20,00. Agora, valem perto de US$ 1,00, após o pedido de Chapter 11 de uma subsidiária na Justiça americana, que corre em paralelo à recuperação judicial do grupo no Brasil, com dívidas de R$ 10,5 bilhões.

Nos EUA, o processo envolve a holding que controla a Ambipar Response, sediada nas Ilhas Cayman, e responsável por cerca de US$ 1,05 bilhão em dívidas emitidas no exterior. O pedido de chapter 11 foi protocolado nesta segunda-feira, dia 15, na Corte de Falências do Distrito Sul do Texas, onde será julgado, ao juiz Alfredo R Perez, conforme documentos obtidos pela Broadcast.

A escolha não é em vão. Apesar de o chapter 11 não ter como alvo as operações da Ambipar Response, a empresa está baseada em Houston, no Texas (EUA), conhecida como a ‘capital mundial da energia’, e emprega mais de 230 pessoas por meio de suas subsidiárias.

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Foto: Aline Bronzati/Estadão Conteúdo

Na prática, o pedido de Chapter 11 foi feito por conta da situação da empresa no Brasil, afirma a empresa, em documentos à Justiça dos EUA. “Embora o desempenho operacional da Response tenha sido forte, a partir do terceiro trimestre de 2025, suas afiliadas brasileiras enfrentaram crescentes dificuldades financeiras”, diz o diretor da Ambipar Response, Thiago da Costa Silva, à Justiça dos EUA.

Ele explica, porém, que as subsidiárias operacionais da Ambipar Response fora do País não são responsáveis pela dívida da Ambipar e não dependem do Brasil. Conforme o executivo, como não são devedoras nos processos de chapter 11 e de recuperação judicial, não precisam de proteção judicial e devem seguir operando normalmente durante toda a reestruturação da dívida do grupo.

A empresa informa ainda que o Itaú pediu a aceleração de uma dívida não garantida de US$ 90 milhões à Ambipar Holding USA. Mas espera chegar a um entendimento consensual com o banco brasileiro. Caso não consiga, considera entrar com pedido de chapter 11 também para a Holdings USA.

“Se necessário, o devedor está preparado para suportar a Holdings USA a iniciar seu próprio processo de chapter 11 e buscaria administração conjunta com este caso”, afirma a empresa.

Chapter 15 ou 11

O diretor da Ambipar Response faz um relato à Justiça americana de como se deu o processo de negociação da companhia com credores até o pedido de recuperação judicial no Brasil e nos EUA. Segundo ele, uma sequência de eventos, incluindo a renúncia abrupta do diretor financeiro, “minou severamente” a confiança do mercado na Ambipar no mês passado. O diretor detalha o imbróglio com os derivativos junto ao Deutsche Bank – cujos cálculos a empresa segue contestando – e as notificações de credores como o Santander, alegando inadimplências nos financiamentos.

Silva afirma ainda que a Ambipar Response considerou recorrer ao chapter 15, que consiste em um processo de extensão da recuperação judicial nos EUA. Mas optou pelo chapter 11, equivalente à recuperação judicial na Justiça americana, pois acredita que é mais benéfico ao seu patrimônio e maximizará o valor para as partes envolvidas.

“O chapter 11 ajudará a proteger os ativos diretos e indiretos da empresa, garantir tratamento justo entre as partes e fornecer um fórum facilmente acessível para que as partes interessadas globais sejam ouvidas em conexão com a reestruturação da companhia”, diz o executivo.

A Ambipar Response se listou na Nyse por meio de uma fusão com a HPX Corp, uma empresa de aquisição com propósito específico (Spac, na sigla em inglês) e que tinha como sócios os brasileiros Rodrigo Xavier, ex-Bank of America, Bernardo Hees e Carlos Piani. A transação capitalizou a empresa em mais de US$ 174 milhões na época, e culminou com o seu desembarque em Wall Street.

Contato: aline.bronzati@estadao.com

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