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Castro: não preciso que governo federal venha fazer meu trabalho

29 de outubro de 2025

Por Daniela Amorim e Gabriel de Sousa

Rio e Brasília, 29/10/2025 – O governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou nesta quarta-feira, 29, que não cogitou pedir a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), por não precisar que o governo federal faça seu trabalho. Em vez disso, afirmou Castro, ele defendeu o trabalho integrado entre os executivos federal e estadual no combate ao crime organizado.

“A situação das forças de segurança do Rio de Janeiro hoje é completamente diferente da situação de 2018. Hoje nós temos uma força de segurança estadual que é capacitada. Hoje nós temos o salário decente, nós temos equipamento, nós temos estrutura, temos tecnologia, temos logística”, defendeu Castro, em coletiva de imprensa ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, após reunião nas dependências do Palácio Guanabara, sede do governo fluminense.

Governador, ministro e chefes das forças de segurança estaduais e nacionais conversaram por ocasião da repercussão da Operação Contenção, nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, que resultou na morte de mais de 100 pessoas na última terça-feira.

“Em um momento nenhum eu falei que queria GLO, até porque de fato eu não preciso que o Governo Federal venha aqui fazer o meu trabalho. Como em outras épocas precisou que o Governo Federal viesse aqui fazer o trabalho do Estado. O que nós precisamos é isso que está acontecendo. (…) O que nós precisamos é que cada ente faça o seu trabalho, mas de forma integrada. É um pouco da lógica da separação dos poderes. Os poderes são independentes, porém harmônicos entre si. E essa ideia de independência e harmonia, que é o que a gente vem defendendo aqui”, afirmou Castro.

Segundo o governador, o assunto GLO surgiu por ele ter requisitado ao governo federal blindados para atuação contra o crime organizado no estado. Ele foi informado em resposta que para ter seu pedido atendido havia necessidade de um decreto de GLO, o que não era cogitado pela sua gestão.

Castro voltou a defender que o Rio de Janeiro tem condições de vencer sozinho batalhas, mas precisa de apoio para vencer a guerra. Ele declarou ainda que não houve falta de apoio entre as forças de segurança estaduais e federais na Operação Contenção, que é praxe entre as corporações uma troca diária e constante de informações, que o diálogo sobre ações é comum. O governador mencionou ainda ter grande perspectiva de avanços na questão do desarmamento e da asfixia financeira.

“Nós somos maduros o suficiente para convergir ou divergirmos. Isso faz parte da democracia. Ninguém aqui é criança, e ninguém aqui não é nada pessoal aqui. A convergência ou divergência, ele é a busca pelo mesmo bem comum, que é, no caso nosso aqui, a segurança pública. Que nós possamos convergir e divergir muito, que isso faz parte da democracia. Isso faz parte daqueles que querem construir um bem comum”, declarou Castro.

O governador voltou a defender que a operação foi vitoriosa, disse que seu governo se preocupa com a situação de comunidades sob domínio de facções criminosas e que há novas ações de segurança já previstas.

Quanto à atuação em conjunto com o governo federal, ele mencionou a promessa do ministro da Justiça de aumentar o efetivo da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no estado, além da criação de um escritório emergencial integrado de segurança pública. A ideia do escritório é que integrantes dos dois governos juntos, federal e estadual, atuem conjuntamente para derrubar burocracias no combate ao crime organizado. A integração com as forças nacionais representaria “uma oportunidade” a partir de hoje, disse ele.

“O ministro colocou algumas ofertas do governo federal, que foram prontamente aceitas”, afirmou. “Tudo aquilo que vier no intuito de ajudar segurança pública é bem-vindo.”

Contato: daniela.amorim@estadao.com e gabriel.sousa@estadao.com

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