Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Broadcast OTC
Plataforma para negociação de ativos
Broadcast Data Feed
APIs para integração de conteúdos e dados
Broadcast Ticker
Cotações e headlines de notícias
Broadcast Widgets
Componentes para conteúdos e funcionalidades
Broadcast Wallboard
Conteúdos e dados para displays e telas
Broadcast Curadoria
Curadoria de conteúdos noticiosos
Broadcast Quant
Plataformas Broadcast
Soluções de Dados e Conteúdos
Soluções de Tecnologia
24 de outubro de 2025
Por Aline Bronzati, correspondente, e Altamiro Silva Júnior
Apesar do alerta do presidente do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, quanto ao risco de mais “baratas” nos balanços dos bancos americanos, são os “cupins” que deveriam preocupar banqueiros e investidores dos Estados Unidos ao Brasil. A analogia foi feita pelo presidente da Queen’s College e conselheiro econômico chefe da Allianz, Mohamed El-Erian, ao comentar recentes casos de créditos privados. “Baratas não são cupins: embora feias, esses problemas isolados não corroem a fundação e, como tal, são improváveis de representar um risco sistêmico para o bem-estar econômico geral”, avaliou ele, considerado um guru de Wall Street.
Os ativos de crédito privado nos EUA triplicaram na última década, superando todas as demais linhas, mostra estudo da Moody?s. Há preocupação, em especial, com o volume de financiamentos a instituições financeiras não bancárias (NBFIs, na sigla em inglês), conhecidas como ‘shadow banks’, que alcançou US$ 1,2 trilhão ao fim de junho. Desse montante, a exposição de bancos americanos a empréstimos de crédito privado se aproxima de US$ 300 bilhões, segundo a Moody?s.
Nas últimas semanas, pedidos de falência do First Brands Group, fornecedor de autopeças, e da rede de concessionárias Tricolor, nos EUA, acenderam a luz amarela no setor. Casos de deterioração de títulos de crédito privado no Brasil e em outras partes do mundo reforçaram o alerta para uma possível piora da saúde financeira do setor corporativo, com as práticas de empréstimo dos bancos agora sendo examinadas com lupa.
“As recentes perdas dos bancos regionais dos EUA ligadas a instituições financeiras não-bancárias podem sinalizar um risco maior deste segmento de empréstimos em rápido crescimento”, alerta a Fitch Ratings. Entre as preocupações, está o fato de essas empresas não estarem sujeitas ao mesmo nível de regulação que os bancos.
O temor com empréstimos fraudulentos provocou perdas em Wall Street e fez fundos de empréstimo nos EUA registraram saques, em outubro, pela primeira vez em meses. No Brasil, os juros altos para conter a inflação geram preocupação diante da piora dos balanços das empresas. Problemas em créditos também já chegam à Justiça, como o pedido de recuperação judicial da Ambipar, replicando o caminho visto nos EUA.
“Há preocupação quando olhamos o balanço das empresas no Brasil, que já estão em uma situação bem pior do que no início do ano. As margens já começam a sofrer mais, e empresas mais alavancadas já enfrentam dificuldades”, diz a chefe de Pesquisa Econômica para a América Latina e economista chefe para Brasil no JPMorgan, Cassiana Fernandez, em entrevista à Broadcast.
Nos holofotes estão além da Ampipar, a Raízen, que precisa reduzir o endividamento e se capitalizar, e a Braskem, que tem um passivo ambiental gigante para lidar em Alagoas. Mas com juros a 15% e economia crescendo em ritmo modesto, banqueiros não descartam o aparecimento de novos casos, incluindo em empresas de menor porte. Para um deles, no mercado internacional de dívida, investidores podem ficar mais seletivos com companhias brasileiras, pois as que tiveram problemas recentes já captaram no exterior.
Fernandez, do JPMorgan, alerta que o risco de crédito privado é um problema sobretudo para 2026. “Se houver um processo eleitoral e um cenário externo que gerem grande volatilidade no mercado, algumas empresas terão mais dificuldade para financiar seus balanços em 2026”, prevê.
Nos EUA, a previsão de perdas junto às instituições financeiras não-bancárias levou o JPMorgan Chase, maior banco em ativos dos EUA, a fazer um raio X em seus processos e procedimentos de subscrição. Até o momento, a avaliação é de que esses casos foram alvo de fraudes, segundo o CEO do banco. “Mas minha antena se levanta quando coisas assim acontecem. E eu provavelmente não deveria dizer isso, mas quando você vê uma barata, provavelmente há mais”, afirmou Dimon, desencadeando uma onda de temores em Wall Street.
Para El-Erian, o banqueiro conhecido por suas previsões catastróficas foi certeiro, e novos casos isolados devem surgir nos EUA como resultado de empréstimos excessivos e due diligence inadequada em meio à busca massiva por retorno. Mas, ainda assim, ele vê apenas mais baratas, e não cupins surgindo à frente. “A visão é que não vai ser uma coisa de contágio”, reforça o economista do Itaú Unibanco, Pedro Schneider, em entrevista à Broadcast.
Balanços de bancos americanos regionais, desta vez, ajudaram a conter os temores em Wall Street ao reforçar a visão de que, por ora, os problemas de crédito nos EUA se restringem a ‘baratas’. O CEO do Zions Bancorp, Harris H. Simmons, disse que se trata de uma situação isolada resultante de um caso particular, e convenceu o mercado. O Bank of America considerou as preocupações com o banco “exageradas” e elevou a recomendação para as ações, para neutra, de ‘underperform’, ou seja, abaixo do desempenho do mercado.
Veja também