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16 de outubro de 2025
Por Gustavo Côrtes, do Estadão
Brasília, 16/10/2025 – Sob novo comando, os Correios preparam trocas em diretorias vitais para a gestão da empresa. As mudanças em estudo devem reduzir a influência do PT nas áreas de governança e gestão de pessoas e conservar figuras ligadas ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) que estão à frente dos setores de administração e de novos negócios. Procurada, a companhia e as legendas não se manifestaram.
Até setembro, a estatal era uma ilha de poder dos petistas no Ministério das Comunicações, pasta entregue ao União Brasil em um arranjo para dar sustentação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O advogado Fabiano Silva, membro do Prerrogativas, grupo de juristas de esquerda, deixou a presidência da empresa. Em seu lugar, assumiu Emmanoel Rondon, servidor de carreira do Banco do Brasil.
A substituição foi uma forma de colocar à frente da companhia um técnico capaz de estancar as perdas consecutivas que os Correios registram desde 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro. Essa reformulação, contudo, deve acarretar perda de espaço do próprio PT sem prejuízo aos indicados do Centrão.
Os diretores de Gestão de Pessoas, Getúlio Marques Ferreira, e de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, estão na lista dos prováveis demitidos. Ambos são ligados ao partido de Lula e fizeram parte de administrações petistas.
Marques Ferreira foi secretário de Educação do Rio Grande do Norte na gestão da governadora Fátima Bezerra e secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC). Picoli Agatte é ligada ao presidente da legenda, Edinho Silva, prefeito de Araraquara (SP), onde ela foi secretária de Planejamento e Participação Popular.
Já nomes indicados pelo União Brasil devem ser mantidos. Entre eles estão os diretores de Negócios, Hilton Cardoso, e de Administração, José Rorício Aguiar. Todos eles já estavam nos cargos quando Fabiano Silva era presidente dos Correios. Até agora, a única troca ocorrida foi no comando da estatal. Nas próximas semanas, Rondon deve começar a promover mudanças.
O diretor de Operações, Sérgio Kennedy Soares Freitas, também deve deixar o posto. Ele foi indicado pelo Podemos. Para o seu lugar, está cotado José Marco Gomes, que foi superintendente dos Correios em São Paulo no governo de Jair Bolsonaro.
Os Correios registraram prejuízo de R$ 4,37 bilhões nos dois primeiros trimestres de 2025 e se somam a prejuízos que ocorreram desde 2022, mas que foram agravados sob Lula. Agora, o governo busca empréstimo de R$ 20 bilhões do Banco do Brasil, da Caixa e de instituições privadas para socorrer a empresa. A operação deve ter garantias da União e estar condicionada a medidas para sanear a gestão da estatal.
Pessoas ligadas à última gestão atribuem a queda de desempenho da estatal a duas medidas do Ministério da Fazenda: o fim da primazia sobre a importação de remessas do exterior e a chamada “taxa das blusinhas”, que impôs 20% de imposto sobre compras de até US$ 50 em lojas virtuais baseadas no exterior, antes isentas de tributação.
A equipe econômica, por outro lado, enxerga problemas estruturais na companhia, ligados ao serviço de entregas, que não têm relação com a tributação de produtos do exterior que entravam no Brasil ilegalmente, sem pagar impostos.
Durante o governo Bolsonaro, os Correios fecharam no azul nos três primeiros anos. O lucro maior se deu durante a pandemia (2020 e 2021), quando as pessoas enfrentavam política de isolamento e aumentou o número de entregas, principalmente e-commerce. Em 2022, no último ano da gestão Bolsonaro, a estatal registrou prejuízo porque decidiu, já pelo comando petista, não recorrer de ações trabalhistas e precisou provisionar R$ 1 bilhão de forma retroativa no balanço de 2022.
Em agosto de 2023, uma instrução normativa da Receita Federal permitiu a transportadoras privadas aderir a um programa para tratar das remessas internacionais. A mudança desmontou o virtual monopólio que os Correios detinham sobre esse mercado.
Um ano mais tarde, o Congresso promoveu – com apoio do Ministério da Fazenda e sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a tributação de compras de até US$ 50 por meio de lojas online no exterior. A medida foi tomada a pretexto de igualar as condições de concorrência entre as indústrias do Brasil e de países estrangeiros, mas também atendeu à necessidade de arrecadação do governo.
Os críticos dizem que esses atos, de um lado, fortaleceram concorrentes privados e, do outro, inibiram compras virtuais que se convertiam em encomendas entregues pelos Correios.
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